O governo federal estuda utilizar terras confiscadas em decorrência do cultivo de drogas ilícitas como forma de compensar as perdas de produtores rurais causadas pela demarcação de terras indígenas. O estudo foi anunciado ontem pelo ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que participou do Fórum Fundiário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), encarregado de estudar soluções para o conflito entre índios e proprietários rurais no Mato Grosso do Sul.
O ministro não entrou em detalhes e ressaltou que a proposta ainda está sendo discutida. — Eu mesmo recebi na semana passada a proposta de que terras que forem confiscadas em decorrência da plantação de plantas de que se produzem drogas, que a Constituição não permite, possam ser revertidas para solucionar essa questão — disse Cardozo. — É uma proposta.
É uma das questões que vamos avaliar a possibilidade. Um grupo de cerca de 150 índios do Pará, a maioria da etnia munduruku, deixou Brasília ontem depois de passar nove dias na capital. Eles tentam impedir a construção de usinas Hidrelétricas na Amazônia e retornaram insatisfeitos ontem para casa, em dois aviões da Força Aérea Brasileira. Os índios não descartam nova ocupação em Belo Monte.
Em Mato Grosso do Sul, um funcionário da fazenda Califórnia, localizada em Paranhos, foi preso ontem suspeito de ser o assassino do indío guarani-caiová Celso Figueiredo, de 34 anos. Na casa onde ele mora foram apreendidas uma espingarda, um capacete preto e uma blusa com sangue. A polícia pedirá a prisão preventiva dele para ajudar nas investigações sobre a morte do indígena.
Fonte : O GLOBO