Na Conferência do Clima, produtores defendem proposta do governo brasileiro para mercado de carbono. Regras devem ser definidas até sexta-feira (14).
Katowice (Polônia) – Diferentes setores da economia brasileira declararam nesta quinta-feira (13) apoio à proposta que o país tem defendido para a regulação internacional do mercado de carbono, mecanismo que confere valor financeiro a projetos de redução de emissões feitos pela inciativa privada. Essas regras estão em pauta na Conferência do Clima (COP 24), que ocorre até sexta-feira (14), com o objetivo de regulamentar o Acordo de Paris para conter o aquecimento global.
Indústria, produção de cana-de-açúcar, agricultura e pecuária estão entre os segmentos que deram suporte ao posicionamento brasileiro. Em reunião com representantes dessas áreas, o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, destacou a importância do mecanismo para o Brasil e para o mundo. “Se não houver regras claras, o setor produtivo não terá como participar das ações de combate à mudança do clima”, afirmou.
O grupo de representantes dos segmentos ressaltou a contribuição para a economia brasileira. “Os governos geram essas regras e o setor produtivo é quem entrega”, explicou Marcelo Thomé de Almeida, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “O posicionamento que o Brasil defende é o mecanismo que pode nos trazer para dentro desse mercado”, acrescentou Elizabeth Farina, diretora-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
A reunião também teve a participação de Lourenço Silva Júnior, da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), de Fábio Nogueira Marques, da Indústria Brasileira de Árvores (IBA) e João Francisco Adrien Fernandes, diretor-executivo da Sociedade Rural Brasileira.
CRÉDITOS
O posicionamento brasileiro nesse tema está centrado no estabelecimento do Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável (MDS). Pelo sistema, iniciativas que promovam a redução de emissões poderão ser comercializadas como créditos de carbono, conforme indicado pelo Acordo de Paris sobre mudança do clima.
O que está em jogo são os detalhes de como esse mercado vai operar. Atualmente, cada país tem uma meta específica de redução de emissões e indicativos de como vai alcançá-la. Na COP 24, o Brasil defende que o MDS seja um esforço adicional em relação às suas metas.
Com a proposta defendida pelo Brasil e diversos outros países, o MDS terá o potencial de incentivar o crescimento econômico sustentável, além de gerar empregos. “Somente aumentando a participação do setor privado podemos transformar em realidade o aumento das ambições, abrindo a porta para um mercado global de carbono sem acabar com arranjos regionais”, declarou o ministro.
ESPAÇO BRASIL
Empresários brasileiros e de outras partes do mundo também avaliaram, nesta quinta-feira, as medidas que têm adotado para conter o aquecimento global, durante debates no Espaço Brasil na COP 24. A participação do setor privado nessa agenda foi o tema do último dia da programação do pavilhão montado pelo governo federal, dentro da Conferência do Clima, para envolver e engajar diversos segmentos na ação climática.
Ao todo, foram 43 eventos ao longo das duas semanas da COP 24, com a participação de representantes da sociedade civil, órgão públicos, setor privado, parlamentares e pesquisadores. A programação do Espaço Brasil também contou com dias temáticos dedicados a povos tradicionais, comunidade científica, adaptação à mudança do clima, florestas, uso da terra e aos resultados alcançados pelo Brasil na política ambiental.
O Espaço Brasil foi montado pelo terceiro ano consecutivo na Conferência do Clima, reunião anual em que mais de 195 países negociam acordos e medidas para conter o aquecimento do planeta. A área foi montada pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e das Relações Exteriores (MRE), Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Agência Nacional de Águas (ANA) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
A COP 24
A Conferência do Clima é a 24aConferência das Partes (COP 24) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Neste ano, o principal objetivo da reunião é concluir o livro de regras para implementação do Acordo de Paris, que tem o objetivo de manter o aumento da temperatura média global entre 1.5ºC e 2ºC. Esse Acordo foi fechado em 2015 e, agora, é preciso definir normas para viabilizá-lo, como o financiamento de medidas, transparência, avaliação das metas e aumento dos compromissos dos países ao longo dos anos.
Fonte: MMA