O prefeito de Valparaíso (a 562 quilômetros de São Paulo), Roni Cláudio Ferrareze (PV), decidiu renunciar ao cargo em meio a pandemia de coronavírus. Ele é médico e tomou a decisão para voltar a atender pacientes da cidade.
O pedido foi formalizado ontem à Câmara dos Vereadores e, agora, para ser oficializado, faltam apenas os trâmites burocráticos. “A intenção é estar preparado para o aumento inevitável de casos da doença na região”, disse Ferrareze ao UOL.
A cidade de Valparaiso ainda não tem casos oficiais da covid-19, mas investiga pelo menos cinco casos suspeitos entre os 26.480 habitantes.
Apesar de Ferrareze ter oficializado a renúncia agora, ele já estava afastado do cargo desde o fim de 2019 por iniciativa própria. Na ocasião, ele abriu mão da remuneração.
Hístória turbulenta
Esse é mais um capítulo de uma longa história envolvendo a cadeira do Executivo municipal de Valparaíso. Em fevereiro de 2018, Ferrareze foi cassado pelos vereadores por suspeita de cometer uma infração político+administrativa.
Na época, um denunciante entregou uma gravação e atribuía a Ferrareze a voz que o convidava para participar de um esquema de fraudes em licitação. O político negou que a voz fosse dele e apresentou um laudo pericial que atestava essa versão.
Ferrareze ficou afastado da prefeitura até dezembro de 2019, quando o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou a cassação. A decisão do TJ foi por 3 votos a 0.
“O TJ entendeu que a cassação dele havia sido ilegal. O Roni Ferrareze teve os direitos políticos restabelecidos e voltou a ser ficha limpa”, afirmou Renato Ribeiro de Almeida, advogado de Ferrareze, ao UOL.
“Mais útil como médico”
Antes de assumir a prefeitura, Ferrareze foi vereador em Valparaíso entre os anos de 2013 e 2016. O agora ex-prefeito diz não ter planos de voltar tão cedo à política.
“Minha formação é em medicina. Antes de entrar para a política, trabalhei por vários anos no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Voltei ao interior para ficar mais perto da família”, afirmou.
Desde que pediu o afastamento, Ferrareze voltou a fazer especialização médica. Agora, dá plantões no pronto-socorro municipal de Penápolis (a 480 km de São Paulo), cidade referência que atende pacientes de outros oito municípios da região. “Não tinha mais clima político. Neste momento, sou mais útil como médico do que como prefeito”, desabafa.
Fonte: UOL