O Partido Verde entrevista a mentora de negócios criativos Patrícia Penna
O Dia Mundial da Criatividade e Inovação, comemorado hoje, 21, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), para incentivar o uso da criatividade, da inovação e solucionar problemas do desenvolvimento econômico, social e sustentável. Em alusão a data, o PV conversa com a mentora de negócios criativos Patrícia Penna, sobre a economia criativa.
Em meio a pandemia da covid-19, várias indústrias foram afetadas. Mas para Patrícia, a economia criativa não foi uma das áreas mais prejudicadas, pelo contrário, pode ser um dos caminhos para sair da crise. “Eu não diria que a economia criativa é o [setor] mais atingido e, sim, o mais estimulado, pois é justamente desse setor, que irão surgir as melhores soluções para o que estamos vivendo”, afirma a mentora.
A profissional explica que a economia criativa não envolve apenas o setor cultural e, sim, vários modelos de negócios como design, publicidade, arquitetura, jogos, entre outros. “A cultura por necessitar basicamente de aglomeração sofre robustas preocupações. Mas ainda se confunde, cultura com economia criativa. Obviamente, existe a economia da cultura que envolve todos os agentes que fazem com que a parte cultural aconteça. Mas a economia da criatividade envolve a parte estruturante dessa história toda”, esclarece Patrícia.
A mentora também chamou atenção para a geração de emprego e renda que a indústria criativa pode trazer. “Imagina, uma nova profissão que envolve ajudar empresas e influencers a organizar seus bastidores para seus stories, já existe! São demandas ainda não abastecidas de profissionais no Brasil. Um setor que é pouco conhecido, mas que gera muitos empregos é o de Community Manager, são pessoas contratadas apenas para gerenciar as redes sociais das empresas”, conta Patrícia.
“Hoje, muita gente vive do Instagram. Eu por exemplo, vivo dele. Criei o @simposio.polymerclay, que divulga artistas de cerâmica plástica nacionais e internacionais. Tenho um clube de assinaturas com tutoriais todo domingo, por sentir essa demanda não atendida no Brasil, tanto por falta de técnicas, quanto de ferramentas por aqui”, diz a mentora.
A internet é uma das ferramentas que mais tem contribuído para que os trabalhadores da economia criativa consigam exercer o ofício. Para a profissional da área, foi a “salvação da lavoura”. Ela ainda deu dicas sobre o uso das redes sociais. “Aprender algumas ferramentas de design, é fundamental para quem deseja ser um social media. Mas hoje, com as ferramentas on-line como o “CANVA”, é super fácil construir uma peça gráfica. Então, compreender como ela funciona, pode te garantir uma vaga de emprego home office”, pontua Patrícia.
“Outra demanda, é a de criação de conteúdo. Na minha empresa: “Design na Brasa”, nós criamos conteúdo para quem não consegue ter ideia do que postar e muito menos de que arte criar. Muitas agências têm necessitado de profissionais que abasteçam esse mercado”, completa a mentora.
Patrícia Penna também já foi secretária adjunta de Cultura do Estado de São Paulo e falou sobre a falta de políticas públicas para a economia criativa. “Precisa de muita coisa, principalmente tornar ferramentas e materiais mais acessíveis para os artistas, com menos impostos de importação, já que o ideal de produzirmos no Brasil, ainda está num sonho bem distante. Nossos impostos de 60% para importação, poderiam ser bem diminuídos no caso do segmento artístico”, exemplifica.
Outra política pública que citou, foi a criação de um fundo de investimento para a economia criativa. “Quando eu estava como secretária adjunta de Cultura no Estado de SP, meu sonho era criar o “Fundo Criativo”, uma forma de fazer com que houvesse uma criptomoeda do governo e que os artistas pudessem receber desse fundo para seus projetos. Uma plataforma que desse “match”, ou seja, quando uma ideia se encontra com a outra para unir as forças num projeto novo”, diz a ex-secretária.
Umas das ações à frente da Secretaria de Cultura, foi a criação da Rede de Cidades Criativas do Estado de São Paulo, local onde iniciou o sonho de uma moeda para os talhadores da área. “Durante minha gestão, foi o ponto de start para esse sonho. Iniciei com o evento no Memorial da América Latina: “Futuro na Cultura”, foi lá, que conseguimos conquistar a Rede que funcionaria pelo Estado de SP. Em um ranking pelas cidades, para homenagear a mais criativa e assim iniciarmos um movimento para a construção desse fundo”, completa a mentora.
“Mas o tempo não foi suficiente, fica a dica aí, para os futuros gestores públicos terem uma visão moderna não só para SP, mas para todo o Brasil. Minha parte, eu fiz. Agora, é seguir adiante”, finaliza Patrícia.