Os negligenciados do zika vírus
38% dos casos descartados na epidemia de zika em Alagoas tinham microcefalia
Na epidemia do zika vírus, que começou a dar sinais no Brasil em março de 2015, Alagoas se destaca pelo silêncio. Apesar de ser o estado com pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País e vizinho de Pernambuco, Paraíba e Bahia, onde o surto da doença explodiu, 45% dos casos suspeitos de sequelas pelo vírus foram descartados de 2015 a setembro de 2017.
Do tratamento ao preconceito
Quais são as barreiras das crianças vítimas do zika vírus
“Vinha gente na minha casa que eu não conhecia só para olhar ela. Diziam que a cabeça dela era pequenininha. Já falaram que ela tinha a cabeça tão pequenininha que parecia um etzinho.” O relato é de Edineide de Oliveira, de 23 anos, mãe de Maria Olivia, de 1 ano e cinco meses, mas poderia ser de dezenas de outras mães de crianças com síndrome congênita do zika em Alagoas. São 185 casos no estado desde a epidemia do vírus, em 2015.
As seqüelas que ficarão para sempre
Apresentando a série ‘Zika em Alagoas: Esquecidos pelo Estado’
Elas foram esquecidas pelo Estado. Mães que foram contaminadas por zika vírus quando grávidas em regiões de saneamento deficiente. Crianças que nasceram com microcefalia, hidrocefalia e síndrome congênita do zika e sem acesso fácil à rede pública de saúde. Em maio de 2017, o Ministério da Saúde decretou fim de estado de emergência do zika no País. Mas para centenas de brasileiras, as sequelas ficarão para sempre.
A epidemia negligenciada
O descaso do Estado na rotina das mães de filhos com síndrome do zika
Foi nas dificuldades do dia a dia que Gilza Santos da Silva se inspirou para organizar a Associação Família de Anjos de Alagoas. “A gente sabe que eles têm direito a transporte, moradia, diversas coisas, e tudo isso se torna mais difícil quando uma só está lutando”, explica moradora de Maceió, de 31 anos. A associação foi iniciada em outubro e conta com cerca de 20 mães de crianças com a síndrome congênita do zika em Alagoas.
Negras, pobres e sem estudo
O dia a dia das mães que lutam com as consequências do zika
Quando Gabriel Santos Silva nasceu, em 9 de novembro de 2015, sua mãe, Patrícia Santos Silva, 24 anos, ouviu pela primeira vez o diagnóstico: “aquele probleminha do mosquito”. Foi assim que ela soube que seu sexto filho tinha a síndrome congênita do zika. Gabriel foi considerado o “caso zero” da síndrome em Santana do Ipanema, a maior cidade do sertão alagoano, com 45 mil habitantes e a 207 quilômetros de Maceió.
A epidemia sem fim
O futuro do zika vírus e por que o surto de 2015 pode se repetir
Se o início do zika no Brasil é cheio de incógnitas, o futuro não é diferente. Em Alagoas, duas pesquisas estão sendo desenvolvidas. Uma investiga como funciona o cérebro dos bebês afetados pelo vírus. A outra estuda a imunidade de mães infectadas no caso de uma nova gravidez.
Fonte: HuffPost