O legado recente que ele deixou para a humanidade foi sua luta para desarmar e entender o pânico e, às vezes, a violência causada pela complexidade cultural da linguagem distorcida associada à aids. Herbert Daniel imaginou outras possibilidades mais lúcidas e humanas sobre as relações sociais, médicas e trabalhistas.
Sugeriu respostas solidárias para o desafio do convívio da humanidade com mais um vírus mortal, sobre viver com aids. Imaginou poder difundir outras vertentes de se vivenciar a aids, de se promover a participação social e política em prol do redirecionamento da concepção ideológica do estigma e do desterro, da necessidade de se difundir a informação da prevenção e da responsabilidade da participação governamental defronte a uma epidemia que coloca em risco a vida de milhares de brasileiros. Seu discurso era também sua imagem. Usou sua coragem como poucos para mostrar seu rosto e dizer através dos meios de comunicação que ser portador do vírus da aids, não significa necessariamente a morte civil.
Nascido em 1946, mineiro de belo horizonte, guerrilheiro dos tempos da ditadura no Brasil, ex-estudante de medicina, exilado em 74 na França, foi jornalista, sociólogo, escritor e o último exilado a retornar ao país em 1981.
Herbert Daniel foi líder intelectual e lutou bravamente contra a ditadura militar.Como ambientalista, fundou o partido verde em 1986, juntamente com Alfredo Sirkis, Carlos Minc, Fernando Gabeira, Lucélia Santos, Guido Gelli, John Neschling, Luis Alberto Py.
Se destacou na defesa dos direitos dos homossexuais e dedicou boa parte de sua vida contra o que ele definia como “morte social” dos doentes de AIDS. Tornou-se soropositivo em 1989, quando fundou a ONG “PELA VIDDA” (valorização, integração e dignidade do doente de AIDS), deu voz aos doentes que eram impiedosamente discriminados pela sociedade.
O legado que Herbert Daniel deixou para a humanidade foi a sua luta para desarmar o preconceito da sociedade com os portadores de AIDS. Imaginou possibilidades mais lúcidas e humanas sobre as relações sociais, médicas e trabalhistas.Daniel propôs a cidadania e a democracia para toda a população brasileira.
Para ele a vivência da homossexualidade era em si um exílio. Esta questão deveria ser discutida em âmbito político. O cidadão deveria sair da indiferença e questionar o poder.Herbert explicava: que na medida em que a sexualidade é uma inquietação, impõe opções.A pessoa, ao diferenciar-se nas opções sexuais, assume posturas diante do poder. Portanto, milita. Tornando-se de certa forma subversiva e não indiferente. Castrado e castrador. E ainda reforçava que toda a ditadura depende da indiferença das pessoas. E que esta indiferença começa nas questões que envolvem as atitudes corporais.
Fonte : Blog da FVHD