A atual política de agrotóxicos põe em risco a saúde do brasileiro e compromete o meio ambiente
Os números apontam para um dilúvio químico no campo. Uma ameaça direcionada diretamente para a mesa do brasileiro e daí para o sistema público de saúde. O uso desenfreado de substâncias altamente tóxicas hoje na lavoura projeta-se como uma bomba no tempo.
Não se sabe qual a extensão do impacto disso na saúde humana e no meio ambiente. Mas já temos dados suficientes para começar a refletir. Pesquisas recentes registram crescimento significativo de casos de câncer em faixas mais jovens da população – e não por outra razão, a comunidade europeia há muito baniu vários desses produtos.
Esse descontrole decorre de uma facilitação no atual processo de liberação de agrotóxicos, ditado pelo lobby de corporações associadas ao agronegócio, que é quem passou a dar as cartas na política ambiental do país. O mesmo agronegócio, que sustenta a pauta de exportações, impõe práticas anacrônicas e nocivas, em flagrante confronto com as leis de proteção ambiental e regulamentação sanitária. E caminha na contramão do comércio com um mundo globalizado, que passa a adotar uma legislação cada vez mais rigorosa nas áreas de segurança alimentar e de proteção ambiental.
Se a venda e consumo desses produtos já tiveram crescimento exponencial na última década (próximo de 1000%), no governo Bolsonaro essa tendência explodiu. Em seis meses de governo, já foram liberados para comercialização mais de duzentos de novos produtos agroquímicos – uma média de mais de um por dia. Todos dotados de princípios ativos atestadamente de alto potencial cancerígeno e mutação genética.
Foi por isso que, no final de junho, o PV foi ao Supremo tentar refrear a política do liberou geral do Ministério da Agricultura, arguindo inconstitucionalidade de preceito fundamental. É um passo, mas insuficiente se não houver mobilização da sociedade, que parece inerte diante de tamanha anomalia. O desmonte do aparato de segurança ambiental em curso pode trazer graves consequências para a sociedade brasileira e comprometer gerações futuras.
José Luiz Penna
Presidente nacional do PV