Pintora, desenhista, gravadora e escultora tinha 80 anos e morreu em casa, devido a complicações de uma febre chikungunya. Artista foi definida por Millôr Fernandes como ‘refinada e provocadora’.
orreu nesta quarta-feira (20), aos 80 anos, a artista plástica Marília Kranz. Pintora, desenhista, gravadora e escultora, ela estava em casa, no bairro onde viveu por toda a vida, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio. Nos últimos meses, Marília estava sob cuidados médicos e não resistiu a complicações de uma febre chikungunya que contraiu ainda no ano passado.
De acordo com parentes, Marília sofria de uma doença neurológica degenerativa que foi agravada com a febre.
“Ela teve encefalite e, juntando a essa coisa neurológica, foi realmente o que acabou. É até bom falar para saberem que a chikungunya teve um efeito devastador”, ressaltou Stella Kranz, uma das três filhas – as outras são Patrícia e Márcia Kranz.
“Ela acordou e, logo depois, respirou profundamente… e foi. Bem serena. Bem tranquila”, acrescentou Stella.
Outra filha de Marília, Patrícia lembrou da ativa vida política da mãe e do profundo amor que ela tinha pelo Rio de Janeiro. Patrícia caracterizou a mãe como uma mulher libertária, que “criou as filhas para serem mulheres livres”.
“Mãe é mãe. Ela era uma mulher extraordinária. Uma grande artista. Cidadã e preocupada com a vida política do País. Amava muito a vida e a Cidade do Rio de Janeiro. Pintava o Rio nos quadros dela. Era muito querida e cheia de amigos. Muito libertária, à frente do tempo dela. Criou as filhas para serem mulheres livres”, disse a filha.
‘Refinada e provocadora’
Conhecida por sua personalidade forte, Marília foi definida por Millôr Fernandes (1923-2012) como “refinada e provocadora”. Era corajosa, sempre moderna e foi uma das vozes mais poderosas na defesa da liberação sexual e na defesa da liberdade.
Liderança também na política, chegou a ser presa durante a ditadura e e foi uma das fundadoras do Partido Verde (PV).
“Ela teve uma vida extraordinária, e isso é o que importa. Teve uma vida para arte desde pequena. Não fez disso só um trabalho, mas um modo de vida. Enfrentava as dificuldades, lutava pelas mulheres por meio das artes plásticas. Era muito politizada e tinha uma relacão intrínseca com o Rio de Janeiro”, declarou a filha Stella.
Marília Kranz se formou na Escola Nacional de Belas Artes e ganhou projeção internacional. Os especialistas sempre exaltaram a capacidade rara que ela tinha de equilibrar delicadeza e exuberância visual.
O corpo dela será cremado nesta quinta-feira (21) às 16h no Memorial do Caju. Não haverá velório, conforme a própria artista havia pedido à família. Em janeiro, parentes pretendem fazer uma cerimônia para lançar as cinzas dela ao mar do Arpoador.
Repercussão
Amigos da artista se manifestaram sobre Marília. “Uma perda, uma tristeza. Ela foi pioneira no feminismo, uma mulher libertária, um ecologista que na arte dela isso aparecia. Eu diria que ela era uma Leila Diniz nas artes plásticas, uma mulher vital em tudo”, disse o deputado Carlos Minc.
Fonte G1