Para fortalecer e promover o turismo relacionado à memória negra no Brasil, a Comissão de Turismo da Câmara realizou nesta quarta-feira (14) uma audiência pública que reuniu parlamentares, especialistas e representantes do ministério do Turismo e da Embratur. A reunião aconteceu a pedido do deputado baiano, Bacelar (PV/BA).
“Este é um momento histórico para o turismo brasileiro. É a primeira vez que o assunto entra na agenda do Congresso. É importante destacar que as nossas heranças e diversidade cultural podem contribuir bastante para o setor. Os viajantes procuram o Brasil não só pelas lindas praias, mas também por nossa diversidade, pela riqueza de nossa história. É o momento de reconectar os brasileiros com tudo isso” afirmou.
Na avaliação de Bacelar, a divulgação das heranças negras precisam ser incluídas na agenda prioritária do governo. Para ele, os roteiros turísticos afrocentrados têm um grande potencial para alavancar os destinos brasileiros, fomentar o afroempreendedorismo, gerar emprego e renda, além de promover e valorizar a diversidade cultural de raiz africana. “Atrativos não nos faltam já que temos um vasto patrimônio negro a celebrar e promover, como ação transversal para valorizar a identidade negra no país e atrair visitantes interessados em conhecer nossas riquezas” afirmou.
Embratur
Marcelo Freixo, presidente da Embratur, acredita que o afroturismo tem um papel maior do que uma atividade turística. Para ele, como crescimento o segmento Brasil poderá transformar o setor para que o atendimento a turistas negros seja antirracista. “Hoje temos muitos relatos de turistas negros que sofrem racismo em suas viagens, infelizmente. O turismo é responsável por quase 8% do PIB brasileiro. Então, quanto mais enfrentarmos o racismo, mais teremos viajantes” afirmou.
A coordenadora de Afroturismo, diversidade e povos indígenas da Embratur, Tânia Neres observa que ampliar a compreensão sobre o afroturismo é muito importante para que sua prática entre como opção quando as pessoas estiverem planejando suas viagens ou passeios.
“Já existem muitas empresas de turismo especializadas em passeios e experiências em Comunidades Quilombolas, visitas Terreiros de Candomblé, Caminhada Negra, revisitando pontos turísticos das cidades com intuito de apresentar lugares, estátuas e histórias que foram apagadas”.
Ela disse ainda que afroturismo não é destinado apenas para o público afro, “é feito por negros para todos”. “Para o negro a experiência o empodera e para o não negro a experiência o faz repensar sobre o racismo e fortalece a quebra deste mal” concluiu.
Mais cultura, mais turistas
O CEO da empresa Diáspora Black, plataforma que agrega serviços de turismo com foco neste segmento, Carlos Humberto da Silva, lembrou que o Brasil recebe menos visitantes que a Torre Eiffel, Caribe e Colômbia.
Ao comparar a cultura brasileira e caribenha ele concluiu que a visibilidade e promoção dos ativos da cultura negra podem ser uma alavanca para o turismo, abrindo o país a novos mercados e gerando oportunidades de renda e desenvolvimento para a população negra e toda a sociedade. “O comprometimento com a agenda do afroturismo é uma estratégia sólida para o crescimento do setor” finalizou.