Sem Lula na disputa, intenções de voto de Marina e Ciro dobram, segundo pesquisa
Com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), na disputa pela presidência da República, as intenções de voto em Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) dobram em relação ao cenário com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A notícia é boa para Ciro e Marina que, na disputa com Haddad, têm chances de disputar o segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL).
A pesquisa Ibope* divulgada nesta segunda-feira (20) fez o levantamento com dois cenários: com e sem Lula na disputa eleitoral. O PT registrou, no dia 15 de agosto, a candidatura de Lula, mas o registro deve ser impugnado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.
Lula está preso em Curitiba, cumprindo a pena de 12 anos e um mês de prisão imposta em segunda instância na Lava Jato. A condenação deve tirá-lo da disputa pela Presidência – a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já pediu o indeferimento do registro ao TSE.
Veja a pesquisa Ibope acessando ao link da matéria: Tribuna PR
Mesmo preso, Lula lidera as intenções de voto, segundo o Ibope, com 37%, seguido por Bolsonaro, com 18%. Nesse cenário, que por enquanto é o oficial, mas provavelmente não vai se confirmar nos próximos dias, Marina tem 6% e Ciro Gomes e Geraldo Alckmin (PSDB) têm 5% cada. Os três empatados na margem de erro, de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Com o indeferimento da candidatura de Lula no TSE, quem assume a cabeça de chapa é Fernando Haddad (PT). O petista tem, segundo o Ibope, 4% das intenções de voto. Nesse cenário, sem Lula, Bolsonaro não ganha muita coisa. As intenções de voto no capitão da reserva oscilam apenas 2 pontos percentuais e ele marca 20% das intenções de voto.
Quem mais se beneficia são os dois candidatos mais à esquerda no espectro ideológico. Marina tem o dobro das intenções de voto nesse cenário: 12%. A candidata empata tecnicamente com Ciro, que também vê suas intenções de voto quase dobrarem na disputa com Haddad, de 5% para 9%. Marina ou Ciro disputariam o segundo turno com Bolsonaro. Geraldo Alckmin também vê suas intenções de voto oscilarem na disputa com Haddad, de 5% para 7%. Ele empata tecnicamente com Ciro, mas não alcança Marina.
Transferência de votos
]Também divulgada nessa segunda-feira (20), a pesquisa encomendada pela CNT e feita pelo Instituto MDA** mostra que, sem Lula na disputa, os eleitores do petista se dividem entre os demais candidatos. Haddad é o preferido para 17% dos eleitores de Lula. Marina consegue arrebanhar 12% desse eleitorado e Ciro, 10%.
Segundo turno
A pesquisa CNT/MDA mostra, ainda, um cenário acirrado no segundo turno. Quando a disputa é entre Marina e Bolsonaro, os dois empatam com 27,2% das intenções de voto cada. Quando Ciro disputa com o capitão da reserva, fica com 24,2% e Bolsonaro com 28,% – os dois empatados tecnicamente na margem de erro, de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
A disputa difícil revelada pelo levantamento explica, em parte, a estratégia de campanha adotada por Marina e Ciro, os candidatos que hoje têm mais chances de disputar diretamente com Bolsonaro, desconsiderando o poder de transferência de votos de Lula para Haddad – esse cenário só poderá ser testado com certeza quando Haddad assumir a cabeça da chapa.
Marina subiu o tom da campanha desde sexta-feira (17). Confrontada por Jair Bolsonaro, a candidata da Rede abandonou sua postura normalmente serena ao criticar atitudes e opiniões do adversário. De sexta-feira para cá, a presidenciável mudou o tom de suas postagens nas redes sociais, explorando o confronto com Bolsonaro e publicando um vídeo em que faz um discurso inflamado sobre os direitos das mulheres.
Já Ciro adotou novo perfil para tentar avançar sobre os eleitores indecisos– 9% dos eleitores, segundo Ibope, e 8,8%, segundo CNT/MDA. Diante da crítica de adversários de que tem fama de explosivo, o que foi apontado como um fator de insegurança em pesquisa, ele decidiu abandonar o que é chamado pela equipe de campanha de uma postura “belicosa” e adotar uma “moderada”.
O próprio Bolsonaro tem adotado um tom mais moderado na campanha, para tentar conquistar novos eleitores.
* Fonte: Ibope. Metodologia: Pesquisa realizada pelo Ibope de 14/ago a 20/ago/2018 com 2002 entrevistados (Brasil). Contratada por: Rede Globo. Registro no TSE: BR-01665/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
** Pesquisa realizada pelo CNT/MDA de 15/ago a 19/ago/2018 com 2002 entrevistados em 137 municípios (Brasil). Contratada por: CNT. Registro no TSE: BR-09086/2018. Margem de erro: 2,2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
Fonte: Tribuna PR