Informação é de serviço climático europeu; agências dos Estados Unidos devem soltar suas medições nos próximos dias
DO OC – No mês passado, a Organização Meteorológica Mundial afirmou que 2017 ficaria entre os três anos mais quentes desde o início dos registros globais, em 1880. Nesta quinta-feira (4), o serviço climático europeu Copernicus definiu o pódio: o ano passado ficou em segundo lugar, atrás do insuportável 2016 e à frente do escaldante 2015.
A informação é relevante porque em 17, ao contrário de 16 e 15, não houve El Niño para justificar as temperaturas elevadas. Ou seja, o quase-recorde do ano passado pode ser debitado na conta da tendência de longo prazo de aquecimento global.
O ano passado teve uma média global de 14,7oC. Isso é 0,1oC mais frio que 2016 e 0,5oC mais quente que a média verificada entre 1981 e 2010. Também é 1,2oC mais quente que o estimado na era pré-industrial, o que, segundo o Copernicus, nos põe a mero 0,3oC de atingir o limite de aquecimento de 1,5oC definido pelo Acordo de Paris como meta ideal para evitar mudanças climáticas perigosas.
Os dados europeus vão na mesma direção dos da Agência Meteorológica do Japão. Outras três instituições – o Met Office britânico e as agências americanas Nasa e Noaa – devem divulgar o balanço final do ano nos próximos dias. O Met Office e a Noaa tendem a produzir estimativas mais modestas, porque não analisam as temperaturas dos polos. E o Ártico, que registrou no ano passado máximas até 20oC mais altas que o normal, ajudou a jogar para cima a média do ano passado.
Para além do fetiche dos recordes, porém, o que se nota nas séries de dados é uma direção clara, consistente e de longo prazo de aquecimento. Até agora, 17 dos 18 anos mais quentes de todos os tempos foram registrados no século 21. Mesmo que outras bases de dados mostrem o ano passado “apenas” em terceiro lugar, ele produziu no mundo todo eventos extremos que causaram mortes e prejuízos bilionários – estimados em US$ 330 bilhões pela gigante dos resseguros Munich Re. O ano só perdeu em prejuízos por desastres naturais para 2011, quando o tsunami mais forte da história atingiu o Japão (atenção, Donald, tsunamis não são eventos climáticos).
O aquecimento global, é bom que se diga, não produzirá necessariamente um ano mais quente do que o outro sucessivamente, dada a imensa variabilidade natural do clima. No entanto, na média, os verões ficarão mais quentes, os invernos, menos frios, os furacões, mais fortes e as secas, mais intensas.
(CLAUDIO ANGELO)
Fonte: Observatório do Clima