O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), esteve reunido hoje (17), no Rio de Janeiro, com o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) Haroldo Lima, e diretores da empresa, para avaliar a extensão do vazamento de óleo na Bacia de Campos e as medidas de segurança que estão sendo adotadas. No encontro, Sarney cobrou “transparência” do governo na apuração do acidente e punição rigorosa para os responsáveis.
“O Brasil está mergulhando na questão do pré-sal, e até hoje, não conseguiu mostrar para a sociedade que possui condições de realizar uma operação segura nesta profundidade. A Chevron já sinalizou para a imprensa que pretende chegar ao pré-sal neste final de ano ou no início de 2012. Ela tem competência para isso? Que garantias oferece ao país de que essa operação será segura”, questionou Sarney Filho.
Ele lembrou que a broca utilizada para furar o poço é a mesma utilizada pela BP na Bacia do México. O acidente provocou o despejo no mar de 40 milhões de litros de óleo cru.
“No caso da Bacia de Campos, é importante que os órgãos de fiscalização ambiental e a Agência Nacional do Petróleo, ANP, sejam rigorosos na apuração dos fatos e punição dos responsáveis. A transnacional Chevron que atua na região tem um histórico de multas por acidentes parecidos em outros países”, alertou o deputado.
“O vazamento ocorre em águas profundas, a 1,2 Km de profundidade e serve de alerta porque pode significar um relaxamento nas normas de segurança”, afirmou o deputado. Ele citou a preocupação manifestada pelo diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, Emanuel Cancella. De acordo com Cancella, os acidentes na indústria do petróleo não acontecem por acaso, acontecem, na maioria das vezes, “por conta da produção predatória ou a produção a qualquer preço”.
De acordo com o deputado, três grandes acidentes reforçam a necessidade de mais segurança na exploração. Em 1984, na plataforma de Enchova, com a morte de 37 petroleiros; na época o governo militar queria alcançar os 500 mil barris de produção por dia. Em 2000, ocorreram derramamentos de óleo na baia de Guanabara, 1,3 milhões de litros, e no Paraná, quatro milhões de litros de petróleo cru atingiram o Rio Iguaçu.
“No momento em que, por uma questão de sobrevivência da vida no planeta, o mundo inteiro reflete sobre a mudança da matriz energética, substituindo os derivados do petróleo por fontes renováveis, não tem cabimento aceitar um relaxamento nas atividades deste tipo. Temos que ser mais rigorosos que antes, adotando critérios que reduzam esses riscos ao mínimo possível”, defendeu Sarney Filho.
À tarde, o coordenador afirmou no Plenário da Câmara que ficou claro no enconttro com a ANP que a empresa muiltinacional Chevron não comunicou adequadamente a quantidade de petróleo vazado nesse acidente sob sua responsabilidade.“Temos, ainda dúvidas sobre se realmente o plano de contingência tem sido integralmente cumprido”, afirmou o deputado.
“Não podemos nos omitir em um momento importante como esse e também não podemos deixar de tirar proveito, infelizmente, desse dano ambiental, porque ele talvez seja um exemplo que tenhamos que dar ao pré-sal. Esse acidente se deu em profundidade em torno de 1,5 mil metros. O pré-sal vai ser 7 mil metros, 5 mil metros, 8 mil metros” alertou Sarney Filho.
Diante da complexidade da operação no mar, o deputado defendeu a necessidade de medidas de segurança, com inovações tecnológicas. “Quando ocorreu o pior acidente da história do petróleo nos Estados Unidos, podíamos ver pela Internet o petróleo jorrando, aquele sangue negro saindo do fundo mar, porque havia lá um submarino, tecnologia avançada. Aqui, não podemos afirmar com certeza. Só há estimativas feitas através de estudos sobre a demora da bolha, fotografia em infravermelho tirada pelo satélite. Com isso, faz-se um cálculo aproximado.Isso demonstra que precisamos capacitar nossos órgãos e criar um fundo”, afirmou.
Fonte : Frente parlamentar ambientalista