Salvador é referência quando o assunto é criatividade, cultura e inovação. Reza a lenda que baiano não nasce; estreia. Também tem sido a referência quando o assunto é desemprego e arrecadação. Nossos governantes não se cansam da desculpa de que Salvador é uma cidade pobre, sem recursos. Para tentar equacionar essa questão é preciso ousadia. Uma Economia Criativa, Verde e Solidária é um requisito fundamental para sair do lugar comum da competição predatória por participação de mercado em produtos e serviços existentes. Novas formas de produção, com menos impacto ambiental e mais ganho social.
A Economia Criativa valoriza o conhecimento e seu principal vetor é a produção e a comercialização de novas tecnologias e processos que possam ser convertidos em bens e serviços limpos e competitivos, o que inclui a produção de softwares, a propaganda, o design e a moda, a arquitetura sustentável, os serviços à distância e as atividades culturais e de entretenimento. Esses setores compõem uma cadeia complexa e interdependente de mão-de-obra que perpassa a produção e têm uma comprovada capacidade de gerar empregos e de ampliar os efeitos positivos do crescimento econômico, uma vez que boa parte dessas atividades é capaz de produzir conhecimento que pode ser diretamente aplicado na melhoria dos serviços prestados pelo município. Mas isso depende da ampliação do conhecimento e de investimentos no potencial inovador e criativo dos trabalhadores.
A Unctad-Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, em seu Relatório de Economia Criativa 2010, mostra que mesmo com uma queda de 12% no comércio global em 2008, os serviços e bens da economia criativa cresceram até 14%. O Brasil ainda não figura entre os 20 maiores do setor, que é liderado pela China, seguida pelos Estados Unidos porém, com base em dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é possível concluir que o setor representa 4% do PIB, que foi da ordem de R$ 2,4 trilhão em 2007.
A exemplo de países como o Reino Unido e a Austrália, que têm prosperado com a economia criativa na geração de mais empregos nestes setores e com maiores remunerações, precisamos sintonizar a cidade com o que o mundo vem discutindo e criar uma política séria para os setores criativos de Salvador. Com ousadia e inovação sairemos desse círculo vicioso de desculpas e abandono que transformaram a Cidade da Bahia em um aglomerado urbano inóspito.
Fonte : André Fraga, Presidente PV Salvador