Em janeiro de 2022 ganhou destaque na imprensa e nas redes sociais a expressiva turbidez do rio Tapajós, em especial em Alter do Chão, conhecido pelas praias de águas cristalinas. Embora o aumento da turbidez das águas do Tapajós próximo a sua foz não seja um fenômeno novo, tem chamado a atenção pelo aumento de sua intensidade e duração prolongada ao longo do ano.
Além da influência histórica do carreamento de sedimentos pelo rio Amazonas que, na época de cheia, adentram o Tapajós através de canais que conectam ambos os rios, recentemente esse aumento de turbidez tem sido atribuído à exploração garimpeira na Bacia do Tapajós em um trecho que vai desde Jacareacanga até Santarém.
O garimpo ilegal na Amazônia tanto terrestre quanto em rios (balsas), tem crescido nos últimos anos. A Bacia do Tapajós é uma das regiões onde este crescimento foi mais expressivo no Brasil, e é onde a área de garimpo triplicou nos últimos 10 anos, crescendo uma área do tamanho da cidade de Porto Alegre.
Um dos principais impactos dessa atividade, é o transporte de sedimentos pelos rios e lagos da Amazônia. Para que possa iniciar a busca por ouro, a atividade garimpeira desmata e escava o solo amazônico ou draga o fundo dos rios. Os sedimentos desta atividade são descartados diretamente das plantas de extração (ou lixiviados pelas chuvas, já que perderam a proteção florestal) para os rios. Esta adição de sedimentos altera as características físico-químicas da água e por consequência, a cor de rios e lagos.
A partir da análise das imagens de satélites, esta nota tem como objetivo identificar o aumento da turbidez das águas no rio Tapajós e suas possíveis origens, considerando o complexo sistema hidrológico da bacia Amazônica e a influência da atividade garimpeira.