Os dois post a seguir são do blogueiro de Veja, Reinaldo Azevedo, ele trava um interessante debate com as pessoas que seguem Marina Silva e com o seu projeto de novo partido. Reinaldo dialoga com os marineiros mostrando publicamente o que nós do PV enfrentamos. Nada é novo para nós, mas vale o registro para democracia saudável e transparente.
11/01/2013 às 17:01
O chororô dos marineiros. Não dou a mínima!
Já me chegaram aqui alguns chororôs do marinismo por conta dos dois posts que escrevi sobre o seu novo partido. Eu seria, claro, claro!, “reacionário”. Entendo. “Progressista” é Marina.
Ela hoje não tem partido. Logo, não sei o que pensa e em nome do que fala. Mas devo acreditar que tem as soluções mágicas para o país, daí que esteja criando uma legenda cuja finalidade é lançá-la candidata à Presidência. Querem que eu considere isso uma inovação. Não considero.
O novo partido, vaza-se para a imprensa, só vai aceitar doações privadas, não de empresas. E daí? Os ricos que decidem financiar partidos e candidaturas são mais progressistas e transparentes por isso? Tenham paciência!
O país enfrenta, por exemplo, uma questão séria na área energética, mesmo crescendo pouco mais de 1%. E para crescer 5%? Quanta energia é necessária e o que tem de ser feito? O que Marina pensa a respeito? Eu já vi do que são capazes seus seguidores no debate sobre Belo Monte…
Lamento. Na forma como vem a sua postulação, eu a considero reacionária. Marina mimetiza o pior aspecto da personalidade de Lula: certa vocação messiânica. Parece ter recebido de alguém, em algum momento, a missão de governar. De quem? E não é exatamente uma pessoa democrática, não é mesmo? Vejam o caso do PV. Ela ingressou no partido e tentou tomar a sua direção. Como não conseguiu, caiu fora e saiu atirando.
Com frequência, avalio que o discurso de Marina não faz sentido. Não resiste a uma análise sintática. Não raro, trata-se apenas de uma celebração de abstrações e de anacolutos bem-intencionados. Mas nem me referi a esse aspecto nos textos que escrevi. Fui bem mais modesto na análise. Destaquei apenas que fundar um partido com o propósito principal de fazê-la candidata é evidência de atraso político e de aposta nesse atraso.
Por Reinaldo Azevedo
Marina criará o primeiro partido… suprapartidário da história da humanidade!
Sim, Marina Silva me enche de preguiça, vamos dizer, intelectual, mas é preciso superá-la para não deixar sem pingos alguns is… A ex-ministra é a inspiradora e principal mentora de um movimento – sim, ela criou um (há muito pretende ser uma espécie de Lula que viu o periquito verde…) – chamado “Nova Política”. Essa turma decidiu agora se transformar num partido para lança-la à Presidência da República. Digam-me cá: pode haver algo mais velho do que criar uma legenda com o propósito específico de lançar uma candidatura? Tenham paciência! Os representantes da “Nova Política” se declaram suprapartidários. Ah… Entendi: Marina lançará o primeiro partido suprapartidário da história. Que danada! Nunca antes na história do mundo!
A líder teve outra ideia realmente do balocobaco. Reservar 50% das vagas do partido para as pessoas com “militância autoral”. Essa expressão é uma das “marinices”. Se Lula tem sempre uma solução simples e errada para problemas difíceis, Marina faz o contrário: tem sempre uma solução difícil e errada para problemas simples.
Já há um partido em que a militância é absolutamente autoral: o PMDB (PSD é um PMDB do B….). Não raro, cada um de seus parlamentares faz o que dá na telha. Convenham: uma legenda que consegue ter Jarbas Vasconcelos em Pernambuco e José Sarney no Amapá (e, claro!, no Maranhão) é mais “autoral” do que “Marimbondos de Fogo”…
Aprendi que Marina acena com outra grande novidade: acolher parlamentares de todos os partidos e correntes. Uau! Parece que só numa coisa ninguém pode ser “autoral”: na defesa da candidatura da ex-senadora à Presidência.
A ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula também estaria dizendo a interlocutores que pretende criar um partido diferente. Leio no Estadão: “Já está certo que a nova sigla não vai aceitar doações de pessoas jurídicas – serão aceitas apenas as oferecidas por pessoas físicas”.
Trata-se, como se vê, de uma nova “cosmética”, área de que Marina anda bem próxima… Eu tenho uma pergunta a fazer a esta grande líder da “nova política”: por que a doação de uma empresa, se feita às claras, é menos honesta do que a de pessoa física? O que ela considera mais transparente? Uma empresa registrar na Justiça Eleitoral a sua doação ou um financiador privado – um bilionário, por exemplo – se tornar uma espécie de mecenas ideológico? “Ah, Reinaldo, uma empresa sempre vai doar dinheiro para campanha pensando nos seus interesses…” É mesmo? E o financiador privado? Estará apenas ocupado do bem, do belo e do justo?
Eis o “museu de grandes novidades” de Marina Silva. Na prática, ela manda um recado: “Políticos são os outros; eu só quero o bem da humanidade”. Que bom!
Por Reinaldo Azevedo