Marcela Saad/MMA
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Assentamento Maria da Paz (RN)
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Especialistas internacionais se encantam com projeto piloto do programa no RN, no qual o sistema de dessalinização é alimentado por energia solar.
MARCELA SAAD
Enviada especial ao Assentamento Maria da Paz (RN)
Após debaterem as tecnologias de dessalinização e reuso da água no Congresso Mundial de Dessalinização, que aconteceu em São Paulo (SP), uma comitiva internacional de especialistas desembarcou no Rio Grande do Norte, nesta sexta-feira (20/10), para conhecer de perto o Programa Água Doce (PAD).
Os técnicos foram até a comunidade rural Maria da Paz, em João Câmara, acompanhados do secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Jair Tannús Júnior, e da equipe do Água Doce nacional e estadual, para visitar o projeto piloto do programa: um sistema de dessanilização alimentado por energia solar.
A visita reuniu nomes importantes do cenário mundial nos campos de energia solar e dessalinização e destaca o PAD como referência mundial. “Viajo o mundo todo e não acreditei que vocês conseguiram fazer o que nenhum lugar do mundo faz. Não há nada parecido com o Água Doce. O programa funciona muito bem porque a comunidade é quem opera e ama fazer essa gestão”, disse o presidente da Associação Internacional de Dessalinização, Emilio Gabbrielli.
A sustentabilidade é uma das bandeiras defendidas pelo programa. O sistema da comunidade Maria da Paz é o primeiro alimentado por energia solar e vem sendo monitorado desde 2016 para que o mesmo modelo seja replicado em outras localidades atendidas pelo Programa. Com a utilização dos painéis fotovoltaicos para alimentar o sistema de dessalinização, as famílias não precisam mais se preocupar com a conta de luz: a energia, vinda diretamente do sol, é limpa, farta e gratuita.
A comunidade é atendida por meio do convênio firmado entre o MMA e a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte e funciona desde 2015. “O convênio firmado com o Governo do Rio Grande do Norte investirá cerca de R$ 20 milhões até o final de 2018 e beneficiará cerca de 40 mil pessoas das comunidades mais vulneráveis aos impactos da mudança do clima no que diz respeito ao acesso à água”, afirmou Jair Tannús Júnior.
Para o professor da comunidade Manuel Gentil Filho, o Programa Água Doce chegou para mudar completamente a vida dos moradores. “Antes a gente tinha muitos problemas de saúde por causa da água que era ruim. As crianças passavam mal, tinham problema de pele. Com a chegada do Água Doce, tudo melhorou. Elas estão mais alegres e têm mais ânimo para estudar e brincar”, disse.
Além do presidente da IDA, estiveram presentes na visita o governador em exercício do Rio Grande do Norte, Fábio Veras Dantas, o vice-presidente do Conselho Solar Global, Gianni Chianetta; o pesquisador do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Jaichander Swaminathan; a secretária-geral da Associação Internacional de Dessalinização, Shannon McCarthy, e o especialista em água e saneamento do Banco Mundial, Zael Sanz Uriarte.
Visita técnica à unidade do PAD no Assentamento Maria da Paz (Foto: Marcela Saad)
O PROGRAMA
O Programa Água Doce (PAD), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil, estabelece uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para o consumo humano. O Programa contribui com o fornecimento de água potável a comunidades rurais de baixa renda do semiárido brasileiro, promovendo e disciplinando a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis.
O sucesso do Água Doce, que envolve parcerias com diversas instituições, está fincado na participação da comunidade e na gestão compartilhada dos sistemas de dessalinização. Pessoas escolhidas pelas comunidades são capacitadas pelo Programa para operar os equipamentos e realizar pequenos reparos.
PASSO A PASSO DA DESSALINIZAÇÃO
A água subterrânea encontrada em boa parte do semiárido é salgada em função das características geológicas e climáticas da região. Essas características dificultam o acúmulo do líquido no subsolo e contribuem com a salinização da água, por isso, são impróprias para o consumo humano sem que haja algum tipo de tratamento. Para resolver o problema, o programa instala nas comunidades equipamentos de dessalinização que transformam a água imprópria em água potável de excelente qualidade.
O sistema funciona da seguinte forma: a água subterrânea é captada por meio de poços tubulares e armazenada em um reservatório. Em seguida passa pelo dessanilizador, que funciona como um filtro de alta potência, retirando da água a quantidade e os tipos de sais desejados. O equipamento separa a potável daquela concentrada em sais. A parte dessanilizada é armazenada em reservatório de água potável para distribuição à comunidade. Já o concentrado, armazenado em reservatório para ser encaminhado aos tanques de evaporação.
Fonte: MMA