Líder do PV na Câmara dos Deputados em diversos períodos, o deputado Sarney Filho (MA) foi reconduzido ao cargo neste ano com uma prioridade na área de saúde: o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do vírus zika e da febre chikungunya. A epidemia de zika que atinge o Brasil talvez seja a maior tragédia na saúde no último século, na avaliação do parlamentar. Daí a necessidade de combater o mosquito.
Ao lado dessa preocupação, Sarney Filho diz que o PV mantém a luta contra os “retrocessos socioambientais”. Assuntos como a recriação da CPMF e a reforma da Previdência ainda não contam com posicionamento da bancada, que conta com 5 deputados. Mas o parlamentar diz estar aberto para discutir medidas que beneficiem o País.
Em seu nono mandato como deputado federal, Sarney Filho, 58 anos, coordena ainda a Frente Parlamentar Ambientalista. Fora da Câmara, foi ministro do Meio Ambiente entre 1999 e 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A Agência Câmara está publicando entrevistas com todos os líderes de bancadas escolhidosou reconduzidos neste ano.
Quais são as prioridades da bancada para 2016?
A nossa prioridade continua sendo impedir que os retrocessos socioambientais propostos por um segmento da bancada ruralista avancem. Por outro lado, frente às novas necessidades do País, queremos interferir com muita ênfase no combate ao mosquito transmissor do zika, da dengue e da chikungunya. Esse combate é uma prioridade, porque o zika não é mais considerado só microcefalia. Ele é considerado uma síndrome congênita que afeta o cérebro dos fetos, que vai transformar crianças em portadoras de necessidades especiais, vai onerar o sistema de saúde. Isso sem falar na questão emocional. É uma tragédia, talvez a maior tragédia de saúde nos últimos cem anos no Brasil. O Partido Verde está atento. Nós propusemos a criação da comissão externa [criada na Câmara para acompanhar ações contra zika], há três membros do partido nela. É uma das nossas prioridades usar de todas as possibilidades dentro do Congresso para avançar na ciência e na cura, mas principalmente na extinção do mosquito. Hoje é o mais fácil, porque ainda estamos longe da cura da doença.
Como o partido vai votar em relação à recriação da CPMF?
O partido ainda não tem uma posição de bancada. Da minha parte, eu entendo que a CPMF, se for uma necessidade, deva ser provisória, venha com transparência sobre sua aplicação, sirva para alavancar o País. Essa convicção nem eu tenho ainda, mas não me nego a averiguar a possibilidade de votar, desde que seja importante para a retomada do crescimento, para o fim da recessão. Nosso partido não é da base governista, mas não somos oposicionistas radicais. Nós somos independentes e votamos de acordo com aquilo que achamos melhor para o Brasil.
E em relação à reforma da Previdência?
Não temos posicionamento de bancada sobre isso também. Ainda não existe uma proposta concreta. Todo mundo fala em reforma da Previdência, mas ninguém sabe que reforma é essa. Vamos aguardar a proposta para se posicionar.
O que o senhor diz a respeito da prorrogação da DRU (Desvinculação de Receitas da União)?
Em um momento de crise como esse, é viável. Eu vou defender junto à bancada que se aprove, também em relação aos estados e municípios.
Qual a posição do partido em relação à reforma tributária?
A reforma tributária nunca andou aqui. É sempre muito difícil. Frente a essas dificuldades todas que o Brasil atravessa, isso nem está na pauta do Congresso.
Agência Câmara