Keli Magri
FLORIANÓPOLIS
Em passagem por Florianópolis, nessa sexta-feira, o pré-candidato à presidência da República pelo PV (Partido Verde), Eduardo Jorge, 64, defendeu a regulamentação da maconha, a legalização do aborto, a redução de 39 para 14 ministérios, o voto distrital misto e facultativo e um novo pacto federativo para descentralizar os recursos. Tudo isso baseado em dois principais eixos: o desenvolvimento sustentável e a reforma política.
Para o médico sanitarista, natural de Salvador e funcionário público em São Paulo há mais de 20 anos, as propostas não tem nada de ousadia, apenas refletem o que denominou de necessidades urgentes do país. O pré-candidato faz um roteiro pelas Capitais do Brasil para apresentar as diretrizes do partido e colher sugestões para incorporar a campanha. “O partido tem que dar a chance de voto no primeiro turno aos eleitores que acreditam nas nossas propostas, as quais sugerem mais Brasil e menos Brasília e o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, social e ambiental”, avaliou.
Sobre os dois temas polêmicos, aborto e maconha, Eduardo Jorge afirmou que há muita falta de informação e de debate no país e criticou os outros pré-candidatos que preferiram fugir da polêmica. “Isso é atitude de marqueteiro, que não quer debater assuntos reprovados por 70% da população. Reprovam por quê? Justamente porque não conhecem”, alfinetou.
O pré-candidato disse que a interrupção da gravidez é falha ou falta de planejamento familiar e defendeu a legalização do aborto para evitar os 900 mil casos anuais feitos na clandestinidade. “É uma questão difícil, porque envolve aspectos religiosos e filosóficos, mas nós não estimulamos a prática do aborto, apenas não queremos ignorar essas quase um milhão de mulheres que interrompem a gravidez de forma clandestina no país. O que vamos fazer? Ficar assistindo? Que mulheres são essas? Em um país em que 90% da população é cristã, fica fácil supor quem são”, criticou.
“É um grande golpe no mercado do crime”, diz sobre maconha
Com o mesmo argumento sobre o aborto, Eduardo Jorge defendeu a regulamentação da maconha como política pública mais eficaz na saúde e na segurança pública. Segundo o médico sanitarista, o pacto mundial assinado pelos países há mais de 50 anos para zerar a comercialização, o tráfico e o consumo de drogas foi o maior fracasso.
“Hoje não se tem o controle do uso, do comércio e do consumo, os presídios estão superlotados e o Estado gasta seis vezes mais com um preso do que gasta com saúde. Nossa proposta não é incentivar o consumo da maconha, mas descriminalizá-lo, por meio da regulamentação do acesso, da quantidade e da qualidade feita pelo Estado. É fazer o que hoje é feito com cigarro e bebida, se educa para não usar, não criminaliza e oferece tratamento. É um grande golpe no mercado do crime”, avaliou.
Eduardo Jorge também criticou a saída de Marina Silva do PV, que levou o partido a alcançar 20 milhões de votos nas últimas eleições. “Em 2010, era outra conjuntura. Era uma coligação do PV com a Marina Silva, que era uma instituição. Agora é diferente, não tem endeusamento. Até fui contra a saída dela do partido, mas agora ela está em outro noivado e metade dessas propostas não seriam aceitas por ela”, ponderou.
Fonte : Grupo Ric Mais