Nos próximos vinte anos, teremos mais três bilhões de novos consumidores, precisaremos de mais 40% de alimentos, 30% de energia e usaremos mais 30% de água. Como suprir as necessidades do mundo nos próximos anos com o atual modelo de desenvolvimento não sustentável? “Sabemos do nosso apetite por energia”, completou Gro Harlem Brundtland, ex-primeira ministra da Noruega, durante a palestra O caminho de Estocolmo à Rio+20, e da Rio+20 ao ano de 2032, no III Fórum Mundial de Sustentabilidade, que acontece até amanhã (24/3), em Manaus (AM), e que está sendo acompanhado de perto pela Fundação Verde Herbert Daniel. O Fórum é o espaço que reúne lideres políticos e empresários brasileiros antes da Conferencia Rio+20.
“As economias estão em crise e os ecossistema estão frágeis; um bilhão e trezentos milhões de pessoas no mundo ainda não tem acesso à serviços básicos”, prosseguiu a autora do Relatório Brundtland.
Após fazer o diagnóstico dos problemas de sustentabilidade do planeta, Brundtland propôs, então, que os países tenham responsabilidades pelos efeitos negativos do seu próprio progresso, que encontremos novas maneiras de medir o desenvolvimento dos países, pois o progresso sem levar em consideração o combate a pobreza e o capital natural não interessa. Para ela, a ciência deve ser a linguagem comum da humanidade e sempre chamada nas tomadas de decisão e que os países devem colocar objetivos de desenvolvimento sustentável de longo prazo, num calendário para além das suas eleições internas. “Devemos cortar os subsídios dos combustíveis fosseis e usar estes recursos para financiar pesquisas por energias renováveis”, enfatizou.
Em relação à nova governança mundial, Brundtland afirmou que “enquanto vivermos no mesmo Planeta, devemos nos unir por soluções para todos”, destacando a importância de empoderar as mulheres, uma força vital nesta busca por sustentabilidade. “Países que têm mais igualdade de gênero, tem futuro melhor”, concluiu.
O evento prosseguiu com a palavra de Brice Lalonde, diretor executivo da Rio+20, que enfatizou a necessidade de não diminuirmos as expectativas da Conferência, e que mesmo que se reconheça a falta de lideranças mundiais, o papel do Brasil é fundamental. Lalonde enfatizou a necessidade de se buscar uma nova contabilidade e novos índices para medir o desenvolvimento dos países.
O encerramento do primeiro dia do evento foi dedicado ao debate de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). O cientista da Internacional Institute for Environment and Development, Steve Bass, fez um balanço mundial sobre PSA, destacando a experiência da Costa Rica e estimulando o Brasil a continuar buscando um modelo de PSA.
Na mesma palestra, o deputado federal Arnaldo Jardim cobrou esforço para apoiar a tramitação e aprovação do Projeto de Lei n. 792/2007, que regulamenta o pagamento de serviços ambientais no Brasil. O ex-governador Eduardo Braga encerrou o dia de palestras enfatizando o papel positivo do pagamento por serviços ambientais, seja para países que têm grande biomas, como o Brasil com a floresta amazônica, seja para as pessoas que vivem nestes biomas e têm a responsabilidade de cuidá-los, mas não podem ser obrigados a viver sem acesso aos serviços básicos. Para ele, as Áreas de Proteção Permanente e as Reservas Legais devem entrar na contabilidade destes pagamentos.
O Fórum Mundial de Sustentabilidade prossegue com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-primeiro ministro da França, Dominique de Villepin. O encerramento no sábado (24/3) terá diversas palestras, destacando-se Roberto Klabin, Presidente do Lide Sustentabilidade e SOS Mata Atlântica; José Sarney Filho, Deputado Federal e Líder do PV e Presidente da Comissão de Meio Ambiente; Almir Surui, Chefe do Povo Indígena Paiter Surí; e Oskar Metsavath, estilita, empresário, fundador e presidente da Grife Osklem, falando sobre sustentabilidade e a indústria do desejo.
Fonte : blog da FVHD