Além de perder candidatos, partido apoiou desertores na maior parte das cidades
SÃO PAULO – Na briga pela reeleição, prefeitos que saíram do PT tiveram resultado melhor do que aqueles que ficaram no partido. Levantamento feito pelo GLOBO em 83 cidades de todo o Brasil em que ex-petistas concorriam a mais quatro anos por outras legendas mostra que 38 venceram as disputas e dois foram para o segundo turno. A taxa de sucesso para quem deixou o partido é de 48%, maior que a porcentagem de petistas que se reelegeram: 39%.
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Além de perder candidatos, o PT apoiou a maior parte dos dissidentes: o partido faz parte das coligações de ex-petistas em 54% das cidades pesquisadas pelo GLOBO. Em Presidente Kennedy, no interior do Tocantins, o atual prefeito foi eleito em 2012 como “Aílton do PT”. Após sair do partido, em 2014, ele se filiou ao PSD e foi reeleito no último domingo como Aílton Francisco da Silva.
— Deixei o partido porque achei que não estava mais representando a ideologia em que acredito e porque meu grupo político discutiu com o grupo que comanda o partido no Tocantins. Achei melhor mudar. Se eu ainda estivesse no partido na época das denúncias da Lava-Jato também não aceitaria. Mas não saí jogando pedras no PT. Tem gente que ainda me chama de Aílton do PT, mas explico que saí do partido.
O desgaste da sigla diante das denúncias de corrupção e das investigações que chegaram até ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além do impeachment sofrido por Dilma Rousseff foram as justificativas dadas por outros candidatos a reeleição, como fez João Nelson Magalhães, de Bragança, no Pará. Ele escolheu o PPS, mas acabou sendo derrotado no domingo.
Crise nacional e os escândalos políticos também foram os argumentos usados pelo prefeito Luciano Cartaxo, de João Pessoa. Filiado ao PSD, ele conseguiu se reeleger no primeiro turno, com 59,67%, após trocar o PT pelo PSD.
Em Niterói, Rodrigo Neves, que vinha alegando desconforto com o PT, migrou para o PV este ano. Mesmo assim, a direção do partido no Rio avaliou, na época, que a legenda não tinha estrutura para viabilizar uma candidatura própria, por isso aceitou apoiar o ex-filiado na disputa da cidade. Neves foi o mais votado no primeiro turno com 47,98% e vai disputar o segundo turno com Felipe Peixoto (PSB).
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Dos 12 prefeitos eleitos pelo PT no Mato Grosso do Sul, onde o PT perdeu sua principal liderança, Delcídio Amaral, que deixou o partido após ser preso pela Lava-Jato, cinco saíram do partido na tentativa de se reeleger. Um deles é o ex-presidente do diretório estadual do PT e prefeito de Corumbá, Paulo Duarte. Ele deixou a legenda em março e se filiou ao PDT. Na época, disse à imprensa local que era preciso “refundar o PT e a política”.
Estado da Lava-Jato, o Paraná teve 15 dissidentes concorrendo à reeleição — cinco se reelegeram. Em São Paulo, dos 22 ex-petistas candidatos à reeleição, seis se elegeram. Jorge Lapas (PDT) vai disputar o segundo turno em Osasco.
Fonte: O Globo