Miniprogramas que simulam comunicação humana já contam entre as forças que podem influenciar debates políticos e definir o resultado de eleições. Parlamentares exigem medidas para fazer frente a seu “poder monstruoso”.Durante o recente debate sobre o Pacto Global para Migração da Organização das Nações Unidas, diversos parlamentares alemães foram inundados com mensagens eletrônicad, no que pareciMiniprogramas que simulam comunicação humana já contam entre as forças que podem influenciar debates políticos e definir o resultado de eleições.
Parlamentares exigem medidas para fazer frente a seu “poder monstruoso”.Durante o recente debate sobre o Pacto Global para Migração da Organização das Nações Unidas, diversos parlamentares alemães foram inundados com mensagens eletrônicad, no que parecia ser o trabalho de bots das redes sociais.a ser o trabalho de bots das redes sociais.
Os e-mails “tinham muitas vezes os mesmos blocos de texto, disse o chefe da bancada conservadora do Parlamento alemão, Ralph Brinkhaus, em entrevista publicada neste domingo (16/12) pelo jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung.
“Mas, acima de tudo, essa onda de inverdades e difamação foi desencadeada online e na mídia social”, o que o leva a propor uma série de medidas para combater a desinformação.
Um bot é um programa automatizado que simula a comunicação de usuários reais, nas redes sociais. Os elementos informáticos podem ser programados para curtir, partilhar e até postar comentários sobre temas específicos, criando a ilusão de que o conteúdo é popular ou debatido acaloradamente.
Com frequência, bots são utilizados comercialmente, com o fim de tornar anúncios ou marcas mais visíveis, ou simplesmente para inflacionar o número de seguidores. Na Alemanha, é possível comprar mil seguidores falsos por menos de 10 euros.
No entanto, certos partidos políticos e organizações também os usam para fazer avançar suas agendas. Em seguida ao debate na Alemanha sobre o Pacto para Migração da ONU, a startup Botswatch, de Berlim, descobriu que 28% de todos os tuítes postados sobre o tópico partiram de bots.
Os bots podem interagir entre si, simulando discussão e influenciando a opinião dos usuários humanos. Por vezes são programados para descurtir certos comentários, ou para enviar mensagens particulares de ódio a seus autores. E também se empregam trolls humanos com o mesmo propósito.
Segundo Ralph Brinkhaus, da União Democrata Cristã (CDU), essas campanhas estão agora aptas a exercer um “poder monstruoso”: elas interferem com elementos-chave da democracia, como a livre formação de opinião, podendo desviar votos cruciais para um lado da discussão, alerta.
“Os resultados de eleições costumam ser apertados. Assim foi na eleição presidencial americana [de 2016] e também com o Brexit.” Com a votação para o Parlamento Europeu marcada para 2019, assim como quatro eleições estaduais na Alemanha, “é mais do que hora de acordar” para a influência dos bots, insiste o chefe de bancada.
Segundo Brinkhaus, há bastante tempo os conservadores alemães vêm estudando a possibilidade de forçar plataformas de mídia social a marcar as contas de bots, assim como mensagens individuais enviadas por rotinas informáticas automatizadas.
Parece haver unanimidade entre os políticos do país quanto à necessidade de ação. O parceiro de coalizão governamental da CDU, o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, apoia a ideia de rotular as contas de bots. Os infratores seriam sancionados e possivelmente forçados a pagar multas, sugeriu ao Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung o porta-voz da legenda para assuntos digitais, Jens Zimmermann.
Do ponto de vista do oposicionista Partido Verde, é o governo federal que deve assumir a responsabilidade de resolver a questão: “Todo mundo tem o direito de saber se está se comunicando com um ser humano ou com uma máquina”, reivindicou Tabea Rössner, encarregada de políticas digitais.
No início de dezembro, a Comissão Europeia publicou um plano de ação contra a desinformação, incluindo um “sistema de alerta rápido” para marcar mensagens maliciosas. A União Europeia igualmente incrementou de 1,9 milhão para 5 milhões de euros o financiamento de um grupo antidesinformação.
Fonte : Terra