No Dia da Consciência Negra, o presidente Jair Bolsonaro preferiu não se manifestar nesta quarta-feira (20) sobre a destruição de uma placa na Câmara dos Deputados em alusão à violência contra a população afrodescendente.
Na saída do Palácio do Planalto, onde cumprimentou um grupo de eleitores, ele disse que ficou sabendo sobre o vandalismo cometido pelo deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP), mas ponderou que não cabe a ele comentar sobre o assunto.
“Eu fiquei sabendo, mas eu não sou mais deputado e não vou comentar. Eu mudei do Legislativo para o Executivo e falo do meu governo. Isso quem vai decidir o que fazer é o presidente [da Câmara] Rodrigo Maia”, afirmou.
O Palácio do Planalto não marcou nenhuma cerimônia para celebrar a data e o presidente também não se manifestou até o momento sobre o dia nas redes sociais, diferentemente do que fez, por exemplo, no Dia da Bandeira e no Dia Internacional da Mulher.
Na terça-feira (19), o parlamentar quebrou uma placa que compunha exposição em homenagem ao Dia da Consciência Negra. O cartaz trazia uma charge do cartunista Latuff mostrando um policial com uma arma se afastando depois de atirar em um jovem algemado.
A peça tinha os dizeres “o genocídio da população negra” e uma explicação com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica) sobre mortes de jovens negros.
“Por sua vez, os negros são as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil”, dizia a placa.
A taxa de homicídios entre homens jovens pretos e pardos chegou a 185 a cada 100 mil habitantes em 2017, quase três vezes a dos brancos.
Diante do vandalismo, partidos de oposição anunciaram que farão representação no Conselho de Ética da Câmara e irão à PGR (Procuradoria-Geral da República) protocolar representação por racismo.
Em entrevista à Folha, Tadeu disse que as mortes de jovens negros por policiais podem ser explicadas pela maior presença de negros no tráfico de drogas e afirmou que não teme ser punido no Conselho de Ética. Acusado de racismo, ele ressaltou que não tem atitudes racistas.
Fonte: Folha