Principais conclusões do novo documento elaborado pelo IPCC ratificam suspeitas apresentadas pelo relatório anterior, em 2007. A temperatura está aumentando.
Os céticos de sempre continuarão questionando, mas o novo relatório (AR5) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) das Nações Unidas, divulgado hoje (27) em Estocolmo, na Suécia, ratifica a conclusão do relatório anterior (AR4), apresentado em 2007: o ser humano é o principal responsável pelo aquecimento global.
“A influência humana no sistema climático é clara. E é evidente na maioria das regiões do planeta”, decreta o documento. “É extremamente provável que a influência humana tenha sido a causa dominante do aquecimento global observado desde meados do século 20. A evidência disso cresceu, graças a mais e melhores observações, uma compreensão melhorada da resposta do sistema climático e melhores modelos climáticos.”
“O aquecimento está avançando. Agora, precisamos agir”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em vídeo exibido pouco antes da divulgação do relatório, convidando os líderes mundiais para uma cúpula climática especial no ano que vem na tentativa de destravar os diálogos frustrados de Copenhague, em 2009, e demais reuniões das Conferências das Partes (CoP) das Nações Unidas que não resultaram em acordos efetivos sobre o tema.
“Nosso trabalho é apresentar conclusões científicas. No relatório reafirmamos a urgência de reduzir as emissões. Espero que esta seja a mensagem que o mundo aprenda”, afirmou o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri.
De acordo com a prévia do AR5, cujo conteúdo completo será divulgado ao longo de 2014, cada uma das últimas três décadas tem sido sucessivamente mais quente. “O relatório concluiu que a temperatura da atmosfera e dos oceanos se elevou, a quantidade de neve e de gelo diminuiu e que o nível do mar e de concentração de gases de efeito estufa aumentou”, destacou um dos coordenadores do documento, Qin Dahe.
Segundo o texto, há 95% de probabilidade de que mais da metade da elevação média da temperatura da Terra entre 1951 e 2010 tenha sido causada pelo homem. Os gases de efeito estufa contribuíram para o aquecimento entre 0,5ºC e 1,3ºC no período. “A continuada emissão de gases de efeito estufa vai causar mais aquecimento e mudanças climáticas. Limitar a mudança climática vai requerer substanciais e sustentadas reduções das emissões de gases de efeito estufa”, complementou Thomas Stocker, outro coordenador do documento.
O relatório ressalta que, até o fim do século 21, há pelo menos 66% de chance de a temperatura global se elevar pelo menos 2ºC em comparação com o período entre 1850 e 1900. “A mudança na temperatura da superfície da Terra no final do século 21 pode exceder 1,5ºC no melhor cenário e, provavelmente, deve exceder 2ºC nos dois piores cenários”, disse Stocker. Na pior das possibilidades, a temperatura pode alcançar 4,8ºC até 2100.
Stocker acrescentou que ondas de calor muito provavelmente vão ocorrer com mais frequência e devem durar mais tempo. “Com o aquecimento do planeta, esperamos ver regiões úmidas recebendo mais chuvas e regiões secas recebendo menos chuvas, apesar de existirem exceções”, disse o cientista.
O documento elaborado por 259 cientistas de 39 países mostrou que a elevação da temperatura dos oceanos até cem metros de profundidade pode variar entre 0,6ºC e 2ºC até 2100. Além disso, devido ao aumento do degelo no alto das montanhas, o nível do mar deve subir entre 26 a 55 centímetros, considerando o melhor cenário, e entre 45 a 82 centímetros, no pior dos mundos. O gelo do Ártico pode diminuir até 94% durante o verão no Hemisfério Norte até 2100.
Com informações do IPCC, Agência Brasil e Efe