*André Pomba
Se queria unir o país, a presidente Dilma Rousseff conseguiu: com as nomeações do seu ministério desagradou a todos, sejam opositores ou governistas. O novo gabinete mostra o que sempre se soube: O PT nunca se preparou para governar o país, tão somente para exercer o poder. Com a confirmação dos seus 39 (!) ministros, o que pela própria quantidade já inviabilizaria uma administração, o tal “presidencialismo de coalizão” já inicia fadado ao eminente fracasso. Basta uma rápida análise de algumas nomeações para entender o porquê.
Cidades: Um dos prefeitos e gestores mais mal avaliados do país e da história de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD/SP) é reconhecidamente um governista (hay gobierno, soy a favor). Já esteve ao lado da Maluf, Celso Pitta, Serra e Dilma. A própria criação do PSD foi estimulada pelo PT, para promover a adesão de oposicionistas ao governo.
Agricultura: Conhecida internacionalmente como a Miss Desmatamento ou Rainha da Motoserra e pela defesa do agronegócio predatório, Katia Abreu (PMBD/TO) diz que no Brasil não existe latifúndio, que reforma agrária deve ser somente pontual, critica a demarcação de terras indígenas e é a favor dos transgênicos. O MST a acusa de trabalho escravo, crime ambiental e grilagem de terras.
Direitos Humanos: Ideli Salvatti (PT/SC) é a coringa, que pula de ministério em ministério (Só no governo Dilma, já passou pela da Pesca e Relações Institucionais). Foi criticada pelo próprio partido, que queria um nome mais identificado com a área dos direitos humanos. Sob ordens de Dilma, interferiu diretamente no enterro da PLC122 (que criminalizaria a homofobia) no Senado.
Meio ambiente: Izabella Teixeira é o típico caso de ministra que faz o jogo do governo ao invés de defender e pautar a defesa do meio ambiente. Sua gestão será lembrada como a que mais expediu licenças “ambientais” em tempo recorde e que menos criou áreas de conservação (houve redução). Sob sua batuta, o Brasil não assinou acordo mundial para redução do desmatamento.
Esportes: o Pastor George Hilton (PRB/MG), admite não ser conhecedor da área de esportes, mas é mais conhecido por ter sido preso com malas de dinheiro da Igreja Universal e expulso do PFL por conta disso. A indicação é temerária, ainda mais num período em que o país se prepara para mais um mega evento: as Olimpíadas no Rio de Janeiro (2016). O PRB também emplacou a Secretaria de Esportes em outros Estados como MG, DF, CE e SP, o que indica uma estratégia partidária que devemos monitorar com muita atenção.
Ciência e Tecnologia: Outra indicação bizarra e altamente criticada pelo meio científico. Sem nenhuma afinidade com a área, Aldo Rebelo (PCdoB/SP) já se disse contra avanços tecnológicos, esteve a frente da aprovação de um Código Florestal retrógrado e – pasmem – não acredita no aquecimento global (que chama de estratégia de países ricos para impedir o consumo dos pobres).
Cultura: A volta de Juca Ferreira ao Ministério da Cultura, fez com que sua antecessora Marta Suplicy (PT/SP) disparasse críticas pesadas. Em que pese Juca quando ministro ter empreendido algumas lutas necessárias (como reforma da Lei Rouanet e do direito autoral – ambas ainda paradas) e ter uma visão de uma cultura de base, sua gestão foi alvo de muitas investigações, com desvios e fraudes em convênios com ONG amigas do poder.
Some-se tudo isso acima às nomeações de ministros da área econômica, identificados com o mercado e pregando austeridade fiscal (e que já começaram logo de cara com o corte de direitos trabalhistas), que vão contra tudo o que Dilma Rousseff pregava em sua campanha milionária.
Como se vê, as perspectivas do segundo mandato de Dilma não são lá muito promissoras…
Por André Pomba André “Pomba” Cagni – coordenador do PV Diversidade e candidato a deputado federal (PV/SP) nas eleições 2014