A defesa do patrimônio público sempre foi uma questão de honra para o Partido Verde. Em prol deste princípio, os verdes cariocas organizaram a manifestação “Ocupa Paris – Piquinique Protesto”, no sábado, 12/05, na praça Paris no bairro da Glória. A manifestação, chamada de Ocupa Paris, foi uma crítica ao episódio envolvendo as viagens do peemedebista à capital francesa na companhia do amigo e empresário Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta Construções, empresa investigada na CPI mista do Congresso que apura as atividades do contraventor Carlinhos Cachoeira.
O ato PV do Rio de Janeiro teve como tom a irreverência. Os participantes exibiram as faixas pintadas com as frases Caviar é uma ova, Que m… hein Cabral! e Delta e Rola. Os verdes também usaram fraldas brancas na cabeça em uma sátira às fotos divulgadas em que secretários do governo Cabral aparecem dançando com guardanapos na cabeça em uma comemoração na capital da França, ao lado de Cavendish. Entre eles, Sérgio Côrtes (Saúde) e Wilson Carlos (Governo). Nas imagens, de 2009, está também Sérgio Dias, secretário municipal de Urbanismo da administração do prefeito Eduardo Paes, também do PMDB e pré-candidato à reeleição.
– É lamentável. O índice de popularidade dele (Cabral) está despencando. Essa relação do governador com empreiteiros será a sua decadência – afirmou o militante Paulo Fragoso, de 46 anos, que vestia um terno para simbolizar a comitiva liderada por Cabral no exterior.
– Toda essa história de Paris é uma vergonha para o estado. O problema não é o jantar com o Cavendish, mas, sim, misturar o interesse público com o privado – ressaltou o secretário de mobilização e eventos do PV, Flávio Lazaro.
– Um estado que convive alegremente com a corrupção na saúde, enquanto os responsáveis pelo setor festejam em Paris, chegou a um ponto de degradação interna que só um grande movimento popular pode superar, afirmou e fundador do partido, o jornalista Fernando Gabeira.
A atividade contou com a participação de diversas lideranças verdes fluminenses, do líder do PV na Câmara Municipal, vereador Dr. Edison da Creatinina, da secretária nacional de Organização, Carla Piranda, da secretária nacional de Juventude, do representante da executiva nacional, Fabiano Carnevale e da secretária estadual de Finanças, Dora Cordeiro.
Procurado pela imprensa, Cabral não quis comentar.
A viagem do governador e de sua comitiva a Paris, em setembro de 2009, custou aos cofres do estado pelo menos R$ 77,7 mil, conforme tem revelado a imprensa. Os valores pagos pelo governo do Rio são relativos à diária internacional de parte do grupo, e não inclui despesas com passagens aéreas, apenas hospedagem e alimentação. Pelo Portal da Transparência, nove pessoas receberam diárias, entre elas: Cabral (R$ 6.384), Régis Fichtner (secretário da Casa Civil, R$ 4.256), Adriana Novis (chefe do cerimonial, R$ 8.512) e mais seis servidores.
Outros quatro funcionários viajaram e ganharam diárias mas não aparecem no Portal. Situação parecida de cinco secretários de estado que acompanharam Cabral. Segundo o governo, deste grupo, Wilson Carlos, Sérgio Côrtes e Júlio Lopes (Transportes) foram por conta própria. Desde 2009, o governo vinha divulgando que a viagem a Paris ocorreu nos dias 14 e 15 de setembro daquele ano. Agora, o governo informou que a viagem foi, na verdade, de cinco dias. Segundo a assessoria do governo, a diferença ocorre porque a divulgação da agenda de Cabral é sempre relativa aos eventos públicos.