A expressão imagina na Copa começou como uma critica. Rapidamente foi subvertida pela propaganda. Imagina na Copa, imagina que festa.
Alguns episódios que se sucedem no Rio aconteceriam independente de estarmos ou não preparando uma Copa do Mundo e Olimpíadas.
Acontece que agora, eles tem uma repercussão internacional por causa dos grandes eventos esportivos.
São também uma excelente oportunidade para focarmos alguns problemas estruturais. O estupro de uma turista estrangeira numa van, por exemplo correu o mundo.
Ele revelou a necessidade de legalização e controle de um setor de transporte alternativo infestado de bandidos e milicianos.
Um estatuto legal seria bom para todos, os profissionais decentes que trabalhariam com mais segurança, o governo que teria mais controle da situação e os passageiros que têm sido as grandes vitimas do caos.
O ônibus que caiu num viaduto da Ilha do Governador chama a atenção para um setor onde a cumplicidade entre empresas e políticos impede a modernização que também seria boa para os empresários honestos e os passageiros, novamente as maiores vitimas da desordem.
A semana contou com outros pequenos episódios que preocupam a quem observa mais de perto a preparação da cidade para grandes eventos.
A Band News levou ao ar algumas entrevistas com moradores da Ilha de Paquetá reclamando do serviço de barcas. É uma ilha importante pelos moradores e pelo seu potencial turístico.
No setor ferroviário, houve dois descarrilhamentos numa mesma semana.
Nem o transporte turístico escapou: sete alemães foram assaltados quando iam visitar uma cachoeira na subida das Paineiras.
A fragilidade do sistema de transporte do Rio de Janeiro merecia mais do que um debate envolvendo a Copa.
Para começar é um problema a ser enfrentado desde agora. É preciso resolver os problemas que têm de ser enfrentados de qualquer maneira, com ou Copa.
O transporte coletivo não é o único vilão. Uma das mulheres violentadas pelo gang da van ficou quase um dia inteiro à espera do exame de corpo de delito, numa delegacia de Niterói.
O despreparo da policia para crimes dessa natureza é outro fator preocupante. Submeter as vitimas a um sofrimento adicional é tudo que não queremos de um serviço público.
Viajei duas vezes esta semana e teria muito o que falar dos aeroportos. Mas vou esquecê-los por um momento. Já me ocuparam tempo demais.
Daqui a poucos virão dois grandes eventos, um deles, o encontro dos jovens católicos, com a presença do Papa Francisco.
O outro será a Copa das Confederações. Ao fim desses dois grandes momentos, vamos ter uma ideia melhor de quem chegará mais perto da verdade na expressão “ Imagina na Copa”: os céticos ou a propaganda.
Artigo publicado no Jornal Metro em 08/04/2013