Cerca de 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada ao longo das cadeias produtivas de alimentos, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO no Brasil. Esse volume representa 30% de toda a comida produzida por ano no planeta. Segundo o organismo internacional, o desperdício em si corresponde por 46% da quantidade de comida que vai parar no lixo, enquanto que os outros 54% correspondem às perdas que ocorrem, sobretudo nas fases de produção, armazenamento e transporte. Dados apontam que mais de 800 milhões de pessoas passam fome em todo o mundo.
O desperdício de alimentos é um dos maiores desafios da década a serem enfrentados pelos governantes e pela sociedade. Como dito pelo blog da Tatiana Palermo, da Gazeta do Povo, sem um grande avanço tecnológico e sem uma dramática redução no desperdício de alimentos, não será possível atender à crescente demanda da população mundial. A escassez de recursos naturais e as mudanças climáticas são os principais desafios para o aumento da oferta de alimentos no mundo.
A FAO e a iniciativa Save Food, com o apoio de empresas, realizam esforços para reduzir o número de alimento desperdiçado, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –CETESB. Para eles, se evitasse que um quarto da comida fosse para o lixo ou estragada, seria suficiente para alimentar 870 milhões de pessoas famintas. Assim, a meta Fome Zero impulsionada pela ONU para 2030 seria uma realidade.
É preciso que a sociedade seja conscientizada a ponto de evitar esse desperdício. Existem diversas maneiras como mostra a lista do Ecycle:
- Antes de sair para o supermercado, planeje seu cardápio, desse modo você compra apenas o suficiente;
- Dê preferência ao consumo de frutas e legumes da estação. Além de serem mais baratos, indiretamente você também economiza em combustível diminuindo a emissão de poluentes na atmosfera por conta das distâncias mais longas que produtos fora de época usualmente requerem em seu transporte;
- Não coloque no seu prato mais do que vai comer. O desperdício de comida também gera desperdício de água (cerca de 70% da água disponível é gasta nas lavouras) e poluição da atmosfera (devido ao combustível gasto com transporte e ao CO2 liberado em sua decomposição sem o aproveitamento).
- Se algumas partes de legumes estragarem, não desperdice. Corte o que não serve e utilize os restos para fazer uma seleta, um ótimo acompanhamento para pratos assados.
Um exemplo de país a ser seguido no que diz respeito ao combate ao desperdício de alimentos é a França. De acordo com o HuffPost, em 2016, ela aprovou uma lei que proíbe supermercados de jogarem alimentos não vendidos no lixo. Em vez disso, os estabelecimentos são obrigados a doá-los a alguma ONG ou banco de alimentos. Os supermercadistas que não assinarem o contrato de doação vão ter que pagar uma multa de mais de 3 mil euros. Os supermercados serão impedidos também de tornar as comidas impróprias para o consumo deliberadamente.
De acordo com o G1, a lei francesa pode se tornar uma diretriz europeia. ‘’Apoiamos a lei (adotada em 3 de fevereiro de 2016, que obriga os supermercados franceses a fornecer alimentos não vendidos a associações que os reivindiquem) e a petição dos cidadãos europeus pedindo uma lei similar em escala europeia’’, afirmou o representante na França do Programa Mundial de Alimentos da entidade, Geneviève Wills.
Esses esforços não passaram despercebidos. Em 2016, a Unidade de Inteligência Econômica da revista The Economist e o Centro de Alimentação e Nutrição da empresa Barilla lançaram o Índice de Sustentabilidade de Alimentação (Food Sustainability Index – FSI), para tentar monitorar e comparar o desempenho de vários países em relação à sustentabilidade na produção e no consumo de alimentos. Segundo a Akatu, ano passado a França obteve a primeira colocação em uma pesquisa entre 25 países em toda a Europa, Oriente Médio, Ásia e as Américas.
Já o exemplo brasileiro mostra que o Brasil ainda precisa conscientizar as pessoas e adotar políticas públicas para combater o desperdício de alimentos. O País está no 10º lugar no ranking dos países que mais desperdiçam alimentos e faz parte da Campanha Stop Food Waste Day – Salve o Alimento. A mobilização foi realizada abril este ano, quando mais de 10 países, entre eles Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, França, Alemanha, Turquia, Japão e Austrália, realizaram ações para diminuir o desperdício, de acordo com o Envolverde.
Além do desperdício, a parte econômica também é prejudicada. Segundo a SF Agro, perde-se cerca de R$7 bilhões desde a lavoura até o transporte para o consumidor, cerca de 30% nem chegam a mesa dos brasileiros. Algumas medidas são adotadas para reduzir o problema, em como prolongar o tempo de prateleira dos produtos perecíveis com melhorias em refrigeração, embalagem, técnicas de exposição e logística. A genética também é convocada para desenvolver cultivares mais resistentes aos desafios do complexo percurso do campo à mesa. Mas é urgente leis e ações práticas que desestimulem o desperdício, como as adotadas pela UE.
Fontes: ONU, Exame, Blog Tatiana Palermo/Gazeta do Povo, CETESB, Ecycle,HuffPost, G1, Akatu, Eco Debate, Envolverde e SF Agro.
ASCOM PV