Em entrevista ao HuffPost Brasil, Jorge diz que chapa representa a paz e a racionalidade e que Marina é a única capaz de reunificar o País.
“A Marina é a única candidata capaz de reunificar o País.”
É assim que Eduardo Jorge (PV), vice de Marina Silva (Rede) na disputa pela Presidência da República, se refere à cabeça de chapa.
Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, Jorge culpa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela divisão da sociedade e diz que a ascensão de Jair Bolsonaro (PSL), que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto, é resultado da narrativa de “nós contra eles”.
“Demonizar e desejar a destruição do adversário leva a uma polarização tremenda, e o adversário reage”, disse em entrevista exclusiva.
Jorge recebeu a reportagem de HuffPost Brasil em sua casa na Vila Mariana, em São Paulo, na última segunda-feira (17), para falar sobre propostas da chapa e estratégias da campanha nesta reta final, em que Marina vem desidratando nas pesquisas. A ex-ministra, que chegou a ter 16% das intenções de voto, hoje amarga 7%, de acordo com a última pesquisa Datafolha.
Na avaliação do vice, a queda é justamente um dos efeitos da polarização, que faz com que uma “candidatura da paz, da razão e da racionalidade” sofra com o “descrédito” de um eleitorado ansioso e motivado pela raiva.
Eduardo Jorge ganhou a internet em 2014, quando foi candidato à Presidência pelo PV, mas sua trajetória política começou na década de 1960. Ex-deputado federal, Jorge é médico sanitarista e um dos criadores do SUS (Sistema Único de Saúde). Como secretário municipal de Saúde de São Paulo na gestão de Luiza Erundina (então no PT, hoje PSol), implantou em 1989 no Hospital do Jabaquara o primeiro serviço de Aborto Legal do Brasil. Também trabalhou em governos do PSDB após deixar o PT.
Nesta entrevista, o candidato a vice também detalha suas propostas para a saúde, explica por que o Brasil deveria legalizar a maconha e comenta estas que são suas únicas divergências em relação a Marina: aborto e drogas.
HuffPost Brasil: Por que o senhor acha que a Marina o convidou para ser vice e por que o senhor aceitou?
Eduardo Jorge: O primeiro objetivo foi recompor o movimento ambientalista brasileiro, e isso já é um ganho desta eleição. A Marina saiu do PT em 2009 por incompatibilidade com o Lula, porque ele não dava a devida atenção à pauta ambiental — pelo contrário. Eu saí do PT em 2003 por divergências políticas e fui direto para o Partido Verde.
Em 2010 nós procuramos a Marina, e ela foi a nossa candidata em uma campanha excelente. Ficamos em terceiro lugar, mostrando que havia e há um interesse no Brasil pela pauta ambiental. Infelizmente houve um desentendimento logo depois da campanha, de como o partido deveria ser organizado, e a Marina preferiu organizar um partido horizontal, em rede, ao qual deu o nome de Rede.
Eu lutei contra isso até o fim. Achei que, naquele momento em que nossa pauta tinha sido colocada com tanto destaque na eleição, nós deveríamos ampliar a estrutura partidária ambiental no Brasil, que era muito frágil. E ainda é, porque as pautas tradicionais do século 20 continuam muito fortes.
Os capitalistas e os socialistas achavam que os recursos naturais eram de quem chegasse primeiro. O ambientalismo veio para reformar o capitalismo e o socialismo.
Então houve essa separação e eu nunca me conformei. Mas eu tenho uma visão estratégica e sempre tive em mente que a gente deveria voltar a se reunir. Depois de 8 anos em que os partidos nem conversavam, houve essa reaproximação e faltando 2 ou 3 dias para o prazo final das coligações, nós formamos a chapa.
A Marina também queria alguém que tivesse experiência e tradição na área da saúde, e meu nome era natural para isso. E como no PV eu fui a vida toda o principal defensor dessa reunificação, fui gentilmente empurrado para ser voluntário [a candidato a vice], porque minha candidatura a deputado estadual já estava toda organizada.
A que o senhor atribui esse derretimento da candidatura, ao menos nas pesquisas Datafolha e Ibope?
A Marina é a única candidata capaz de reunificar o País. Nós temos 5 candidaturas que têm condições de chegar ao segundo turno, e existe uma polarização, por causa do naufrágio do governo da Dilma [Rousseff] e do [Michel] Temer, do PT e do PMDB, que levou o Brasil à maior recessão da nossa História moderna e ao sofrimento da sociedade, com desemprego, falência, irritação, raiva e ansiedade.
Nesse ambiente de ódio, uma candidatura que se coloca como a candidatura da paz e da racionalidade sofre descrédito de quem está motivado por decisões extremadas, de raiva.
Nestes momentos de ansiedade, de desejo de vingança e de revanche, as posições extremadas crescem. Então temos em 2018 uma eleição altamente polarizada entre extrema esquerda e extrema direita. Porque o PT é extrema esquerda hoje, inclusive do ponto de vista organizacional, com um líder messiânico, autoritário, que matou a democracia dentro do Partido dos Trabalhadores. Do outro lado temos o ressurgimento de uma direita autoritária que pensávamos que estivesse bem longe de voltar ao Brasil.
O Bolsonaro é uma obra do Lula. A pregação do “nós contra eles” durante anos a fio levou o País a essa divisão extremada e ao naufrágio econômico e social do governo do PT e do PMDB.
Com uma pregação odiosa, o Lula insultou seus adversários políticos durante 10, 12 anos. Em uma democracia, é muito importante que você respeite o adversário. Demonizar e desejar a destruição do adversário leva a uma polarização tremenda, e o adversário reage. Então o Bolsonaro e o ressurgimento da direita autoritária no Brasil são resultados desses anos de governo do PT.
O PT é extrema esquerda hoje, inclusive do ponto de vista organizacional, com um líder messiânico, autoritário, que matou a democracia dentro do partido. Do outro lado temos o ressurgimento de uma direita autoritária.
Nesse ambiente de excitação, raiva e ódio, uma candidatura que se coloca como a candidatura da paz, da razão e da racionalidade sofre descrédito de quem está motivado por decisões que são extremadas, de raiva. As pessoas querem soluções já, agora, que impliquem até mesmo a destruição do adversário, coisa que nós não vamos fazer. A nossa missão é jogar nesta eleição um pouco de racionalidade, cultura democrática, diálogo e respeito aos adversários.
E nós vamos até o fim. Se essa missão será reconhecida como a melhor para o Brasil ou não, isso nós vamos ver. A Marina realmente caiu nas pesquisas, mas ainda não há nada definido, muita coisa vai acontecer. Não vamos nos desviar dessa candidatura de propósitos.
Mas um grupo de ‘marineiros’ lhe entregou um documento dizendo que gostaria de ver uma mudança na estratégia de campanha, não foi? A crítica é que a Marina não cria fato político…
O documento está aqui na minha mão, vou entregar para a Marina. Mas eles não estão pedindo para mudarmos nossa filosofia, nossa postura. Pedem mais fatos políticos com a divulgação de propostas concretas. Tudo coerente com a ideia de reunificação do País, de reconstrução da economia e de diálogo com a esquerda e a direita democráticas — porque elas existem.
Em 2014, por ter apoiado o Aécio Neves, a Marina foi muito criticada pela esquerda que costumava votar nela…
Se ela tivesse apoiado a Dilma, ela seria criticada por todo o resto, então é natural. Aliás, eu e o PV apoiamos o Aécio primeiro que a Marina.
Eu sinto que existe uma falta de cultura democrática no Brasil. O povo colocou a Dilma e o Aécio no segundo turno, o que eu ia fazer? Nós tínhamos que optar entre um e outro ou votar nulo. O que nós fizemos – e a Marina fez também – foi avaliar o compromisso do PT e do PSDB com o meio ambiente, e o PSDB é mais aberto do ponto de vista ambiental. Foi uma questão puramente racional.
Se fosse o contrário, a histeria seria a mesma. Até hoje eu tenho que responder no Facebook por que eu apoiei o Aécio. Em um segundo turno, não tem jeito, ou você faz a opção por A ou B ou vota nulo. Mas o voto nulo é uma posição extremada, deve ser em último caso.
Então, salvo esses extremos, eu penso muito bem no que fazer para me posicionar. Porque, para mim, totalitarismo de direita e de esquerda são igualmente nocivos, disputam a medalha de ouro e de prata em guerras, genocídios e brutalidades. Qual a diferença entre um Hitler e um Stálin, por exemplo? Quem lê História sabe disso, mas hoje o pessoal lê pouco. O jovem precisa ler mais sobre o passado para não se iludir com ideologias que fracassaram e que ressurgem como utopias.
Eu não acredito que a extrema direita ou a extrema esquerda consigam governar o Brasil com sucesso. Seriam 4 anos de briga na rua entre uma direita enraivecida e uma esquerda ressentida.
E agora, já adiantando a sua questão, segundo turno a gente só discute no segundo turno. Eu espero que a gente consiga reverter esse processo de diminuição nas pesquisas e que a Marina chegue ao segundo turno. Eu não acredito que a extrema direita ou a extrema esquerda consigam governar o Brasil com sucesso. Seriam 4 anos de briga na rua entre uma direita enraivecida e uma esquerda ressentida.
O senhor disse que também foi escolhido pela Marina por todo seu trabalho pelo SUS. Qual a proposta de saúde mais importante do programa Rede-PV em um eventual governo Marina, no qual o senhor deve ter protagonismo?
A saúde é talvez a política pública mais complexa de todas. Resumindo, são 3 os pontos mais importantes: primeiro, nós temos que ter mais recursos, e isso significa restabelecer a saúde da economia do País. O SUS trabalha com cerca de R$ 3,50 por pessoa por dia, para fazer tudo: desde vacinação e vigilância sanitária até transplante, tratamento de aids, tudo. É muito pouco.
O segundo ponto importante é que a saúde sozinha não se salva, o Sistema Único de Saúde sozinho não se põe de pé se não houver um investimento forte na promoção da saúde, em áreas que estão fora do SUS: segurança do trânsito, saneamento básico, poluição do ar das cidades, alimentação.
O trânsito é uma calamidade, são quase 50 mil mortos por acidentes de trânsito por ano. Desses 50 mil, pelo menos 30 mil são mortos em acidentes de moto. É um verdadeiro ‘motocídio’. Os que não morrem ficam conosco no SUS e depois vão para casa e ficam na Previdência. Então as outras áreas precisam ajudar o SUS para que ele deixe de ser o ‘sistema único da doença’ e passe a ser o ‘sistema único da saúde’.
E o terceiro ponto?
O terceiro ponto é uma questão operacional. Quando a gente criou o SUS, não existia estrutura de saúde na maioria dos municípios, e todos passaram a ter secretarias de saúde e uma estrutura de atenção básica. Foi uma coisa extraordinária, uma verdadeira criação de Estado de bem-estar social. Todos os nossos indicadores melhoraram com esse impulso renovador do SUS nos primeiros anos.
Agora, temos hospitais superlotados em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outros locais, mas ociosidade em hospitais pequenos espalhados pelo País. Não é possível incorporar tecnologia sofisticada em um hospital de 20, 30 leitos. Técnicos especializados dizem que, para um hospital ter condição de incorporar tecnologia nova e ser viável economicamente, tem que ter de 150 a 200 leitos.
As outras áreas precisam ajudar o SUS para que ele deixe de ser o ‘sistema único da doença’ e passe a ser o ‘sistema único da saúde’.
A gente precisa fazer um esforço grande de regionalização. Este é o terceiro ponto, que eu considero o mais inovador e o mais importante da nossa sugestão para o governo da Marina. Eu não estou recuando da descentralização, eu sou um descentralizador radical, mas eu preciso ajudar os municípios.
A nossa proposta é dividir o País em cerca de 400 regiões, cada uma com uma média de 500 mil habitantes, podendo variar. A ideia é racionalizar a expansão do serviço de saúde para dar escala e poder incorporar equipes especializadas e equipamentos modernos.
Cada região será coordenada pela ‘autoridade nacional de saúde’, que será formada por um representante do governo federal, um do estadual e um eleito pelos municípios daquele entorno. Um dos princípios do SUS na nossa criação era estimular a solidariedade entre estados e municípios, mas o que está acontecendo agora, principalmente no governo do PT, para o meu desgosto, é que há um empurra-empurra.
Já o programa Saúde da Família, que é a invenção mais poderosa do SUS, continuará sob a coordenação dos municípios.
O senhor e a Marina têm divergências em relação às leis de aborto e drogas. Em uma entrevista, o senhor disse que discutir aborto é mais difícil porque trata-se de uma questão filosófica, ao passo que a discussão das drogas, mais racional, seria mais fácil. Existe margem para convencer a Marina a mudar a lei de drogas?
Essas são duas questões que me marcaram demais em 2014. Ninguém queria falar sobre isso, e eu falei. E paguei o preço, porque ainda não existe uma maturidade na opinião pública brasileira, digamos assim, favorável às minhas posições. É evidente.
A maconha é a porta de entrada não para outras drogas, mas a porta de entrada para reduzir o poder do crime organizado e permitir que o sistema de saúde chegue mais rapidamente aos dependentes.
Combater a economia do crime e a dependência das drogas psicoativas a partir de uma postura mais racional é uma coisa que cresce no mundo todo e é questão de tempo para chegar ao Brasil. Você é a favor da política antiga, eu sou a favor da política nova, mas todos nós queremos reduzir o poder do crime e o poder da dependência da droga, legal ou ilegal, que é uma escravidão. Então é uma questão racional, porque eu só preciso provar que a minha política é melhor do que a sua para atingir os mesmos objetivos.
Portanto, é um diálogo muito mais viável de avançar. E eu acredito que a Marina, que é muito inteligente, vai ser sensível aos meus argumentos. Mas eu tenho que provar, mostrar inclusive que o campeão da política velha, os Estados Unidos, ele próprio está mudando em uma velocidade extraordinária. Tem que legalizar.
Legalizar só a maconha ou todas as drogas?
A gente tem que fazer as coisas por partes, começar sempre por aquilo que é mais viável. Então é muito importante entrar nessa discussão pela maconha, consumida por 3% da população brasileira. Eu não vou te proibir de beber vinho ou cerveja, mas se você for um alcoólatra, você é um doente, um dependente. É a mesma coisa com a maconha, se houver um consumo muito moderado, a pessoa continua estudando, trabalhando, normal.
Então a maconha é a porta de entrada, vamos dizer assim, não para outras drogas, mas a porta de entrada para reduzir o poder do crime organizado e permitir que o sistema de saúde chegue mais rapidamente àqueles que são realmente dependentes.
O jovem precisa ler mais sobre o passado para não se iludir com ideologias que fracassaram e que ressurgem como utopias.
O SUS é o sistema de saúde no mundo que até agora teve mais sucesso no enfrentamento de uma droga legal, que é o cigarro. Com a campanha, a gente caiu de mais de 30% de usuários para 10%. É uma coisa extraordinária. A França não conseguiu isso, a China nunca conseguiu.
A mesma coisa que a gente faz em relação ao cigarro a gente quer fazer com a maconha. E quer começar pela maconha porque é uma droga muito poderosa na questão econômica e é menos agressiva que as outras. Ela mantém o usuário vivo, não mata o seu mercado consumidor.
O crack, por exemplo, é uma questão difícil. Eu mesmo não sei qual seria uma estratégia em relação ao crack, que destrói e mata rapidamente. Vou legalizar o crack? Eu não proponho. A gente começaria a discussão com a maconha para poder discutir outras drogas depois, mas algumas talvez nunca possam ser legalizadas.
Uma coisa é concentrar a repressão no crack, outra coisa é colocar a polícia para correr atrás de vendedor pé-de-chinelo de maconha, a maioria desarmados, entulhando as penitenciárias. Essas moças e rapazes entram na cadeia como soldados rasos, as facções agradecem. Porque a gente perdeu o controle das penitenciárias. Ao mesmo tempo, a polícia não esclarece os crimes violentos de verdade, o Brasil não investiga assassinato. Então é uma questão de racionalidade.
E a divergência em relação ao aborto?
No caso do aborto é diferente, porque é uma questão filosófica, dogmática, intransponível. Se você é católico ou evangélico e não é da área liberal do catolicismo nem da área mais liberal dos evangélicos, você nunca vai admitir o aborto.
A Marina aceita a legislação atual [aborto legal em caso de estupro, risco de morte e feto anencéfalo]. Há católicos e protestantes que nem aceitam a legislação atual e tem gente que pede que ela seja revogada. A Marina aceita a legislação e diz: ‘se houver um pedido de plebiscito, eu defendo a minha ideia e vamos ver o que o povo quer’. E eu passei a admitir a posição do plebiscito porque é a forma como a questão foi resolvida em países de tradição católica, como a Irlanda.
Para quem tem 100 pontos de programa, concorda em 98 e discorda em 2, acho que a gente está muito bem de casamento. Se a Marina porventura for eleita, o que prevalecerá é a posição dela, mas isso não quer dizer que eu mudei de ideia. Se houver um plebiscito, ela estará de um lado e eu, de outro.
Essa atuação em 2014 lhe deu certo trânsito com os jovens…
Ainda bem, porque isso significa que o meu eleitorado vai crescer. Mas eu não faço esse cálculo interesseiro (risos).
O senhor se identifica com essa imagem de “maluco beleza” que se criou?
Não é questão de imagem. A questão é o seguinte: quando ficar velho, não perca sua infância, nem sua juventude. Você pode ser ao mesmo tempo jovem, velho e até criança. É uma coisa importante para a saúde da gente.
Você pode ser ao mesmo tempo jovem, velho e até criança. É uma coisa importante para a saúde da gente.
Eu me identifico com a energia, com a criatividade, com a liberdade. A juventude representa um momento de liberdade, a gente ainda não está muito amarrado a compromissos e responsabilidade de todos os tipos, então pode sonhar e criar de forma mais ativa. É um momento de liberdade que as pessoas deveriam manter, porque ser escravo das contingências tem limites.
Independentemente do resultado da eleição, PV e Rede podem virar uma frente suprapartidária?
É o que eu defendo, acho que tem que haver um bloco no Congresso Nacional. Eu sou a favor da cláusula de barreira, e o PV tem que mostrar que tem condição de vencer a cláusula de barreira. E se ficarmos com a Rede, acho que será o melhor para a Rede e para o PV.
Em meio a essa polarização entre esquerda e direita, como o senhor se define? O senhor se considera um liberal?
Os liberais acham que eu sou liberal, e os social-democratas e os socialistas acham que eu sou socialista. Em algumas questões eu sou evidentemente um liberal. Acho importante, por exemplo, que as forças de mercado, que são as forças da natureza, possam ajudar a alocação de recursos na direção da eficiência.
Mas isso não pode ser uma religião. Para alguns liberais, o mercado resolve tudo. Por isso eu sou também um admirador das ideias sociais-democratas. O mercado é a força da selva, que se você deixar é a lei do mais forte. É necessário um aspecto civilizatório, e a social democracia é, de certa forma, uma força civilizatória na força liberal do mercado.
O mercado é a força da selva, a lei do mais forte. A socialdemocracia é, de certa forma, uma força civilizatória na força liberal do mercado.
Eu também adotei uma série de valores que, no século 20, não eram levados em conta na hora de definir um político. Eu sou a favor da cultura da paz, portanto sou radicalmente contra a cultura da guerra. Não sou admirador de um Hitler, mas também não admiro mais um Che Guevara — já admirei. E sou adepto da democracia.
Então temos cultura de paz, democracia e ambientalismo, que é uma dimensão completamente nova. Os capitalistas e os socialistas não sabiam o que era ambientalismo, achavam que os recursos naturais eram de quem chegasse primeiro. O ambientalismo veio para reformar o capitalismo e o socialismo.
Então o ambientalismo é de direita ou de esquerda? A gente conversa com os liberais e conversa com a esquerda, porque quer que eles avancem na direção de uma posição responsável em relação aos recursos naturais, para que haja planeta para as futuras gerações e para as outras espécies. Então como você vai me classificar? Deixo essa tarefa para você.
Fonte: Huffpost