RIO — A população que se espalha pela Terra vai continuar aumentando até o fim deste século —passaremos dos 7,7 bilhõesatuais para 10,9 bilhões em 2100—, mas o ritmo de crescimento será o menor desde 1950.
A projeção está na edição 2019 do World Population Prospects (WPP), relatório das Nações Unidas sobre a população mundial divulgado a cada dois anos. O documento mostra que mais da metade do aumento populacional estará concentrado em apenas nove países, cinco deles africanos: Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Indonésia, Egito e EUA.
— O que está acontecendo com a população mundial e na maioria dos países é que a taxa de fecundidade tem caído desde o século XX, enquanto a expectativa de vida está aumentando. Isso provoca uma mudança naestrutura etária — explica o professor José Eustáquio Alves, pesquisador e doutor em demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Até o fim do século, octogenários e centenários se multiplicarão. A expectativa de vida global, hoje de 72,6 anos, deve chegar à média de 77,1 em 30 anos. Esse envelhecimento, no entanto, não se distribuirá igualmente: em nações mais pobres, a expectativa de vida já é mais de sete anos menor do que a média global.
— O Brasil é um dos países que terão o envelhecimento mais rápido. Lá para 2080, teremos mais idosos acima de 80 anos do que crianças e jovens de até 14 anos. É um envelhecimento muito profundo e muito acelerado — afirma Alves.
O processo deverá impulsionar uma redução expressiva da população brasileira a partir de 2045. Até o fim do século, o país voltará ao patamar de 180 milhões de habitantes. O professor avalia que o declínio não é necessariamente ruim, embora o Brasil tenha um território imenso. Ele destaca que Paquistão e Nigéria, que estarão entre os maiores do mundo até 2100, são nações pobres e desprovidas de recursos naturais.
O demógrafo esclarece, ainda, que as estatísticas levantadas pela ONU são referências globais:
— As projeções populacionais da ONU são as mais utilizadas em todo o mundo. Países, organizações, setor privado, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial se baseiam nestes dados. São as informações mais confiáveis sobre a população mundial.
*Estagiário, sob coordenação de Marco Aurélio Canônico
Fonte: O Globo