O movimento surgiu de maneira inesperada e com um vigor surpreendente, revelando forças políticas represadas e insatisfação generalizada, por conta de um grave esvaziamento da oposição em função da prática banalizada da cooptação dos partidos políticos, que perderam sua capacidade de vocalizar e negociar insatisfações e descontentamentos. O protesto revela uma crise de múltiplas dimensões, organizacionais e institucionais, mas sobretudo uma grande incerteza e desconfiança no país e no mundo. Especialmente dos jovens, tão sensíveis à esperança no futuro
A sede do movimento são as grandes metrópoles insustentáveis, barris de pólvora do descontentamento que se avoluma em função da ineficiência crônica dos órgãos públicos e da má qualidade dos seus serviços em geral- inclusive citados pelos manifestantes- educação, saúde e… transportes! O sistema de transportes é particularmente crítico na Região Metropolitana do Rio de Janeiro,onde as desigualdades são extremas, pois o tempo de percurso da casa para o trabalho é maior inclusive que o da Grande S.Paulo. Nossa área metropolitana é muito grande e dispersa, as pessoas moram e dormem longe demais de seus empregos.
O aumento das tarifas foi o maior detonador do movimento, seguindo a velha tradição de protesto estudantil contra aumentos que atingem suas parcas rendas. Lembramos bem dos anos 5O e dos inúmeros quebra-quebras contra os bondes da Light nos quais a UNE teve atuação frequente.
O movimento é o portador de uma grave crise institucional, e de descontentamento generalizado contra uma democracia corrupta e ineficiente, que emprega mal o dinheiro público e que não merece a confiança dos cidadãos. Ambas agora caminham juntas na consciência dos cidadãos descontentes, que desprezam e culpam os partidos políticos, a representação legislativa e os políticos em geral. As instituições políticas e sociais estão na berlinda, agora desacreditadas, depois de um longo período marcado pelas altas taxas de aprovação do Governo e da Presidenta.
A inflação, tanto tempo negada pelo Governo, exerceu um grande papel acelerador do movimento. Dizem alguns que as perdas de renda chegam a mais de 20%, o que representa uma grave corrosão inflacionária para quem vive de salários precários ou no limite. O caráter generalizado do protesto nas grandes capitais não deixa dúvidas quanto à dimensão da crise econômica que atinge o Brasil, e que coloca o país em situação de desconforto e precariedade, internacionalmente reconhecida.
Para o PVRJ não resta dúvida de que existe, por trás de um descontentamento localizado, o mal estar da civilização. É como se estivéssemos de costas para o futuro, negando uma direção em parte já traçada que são os compromissos programáticos de uma hipermodernidade que precisa ser rapidamente atingida. Estamos em mãos de uma elite velha e “carcomida”, como diziam os revolucionários de 1930. Governantes que não reconhecem as necessidades imperiosas de seu tempo. É como se os políticos estivessem desconectados de uma realidade que os jovens e os cidadãos comuns já percebem como inevitável mas alheia a quem nos governa. O Partido Verde tem um programa libertário que merece ser mais discutido e mais exercido na prática política.
Nosso partido não tem como aparecer de bandeiras na mão. Seríamos hostilizados. O que não significa que tenhamos que ficar como meros espectadores. É um momento histórico para o país, e o movimento se considera apartidário, não necessariamente antipartidos.
Acreditamos que nosso papel é contribuir de forma cidadã, levantando algumas bandeiras que nos são caras e tem a ver com as causas que originaram o movimento. Transporte sustentável, mobilidade urbana, legalização das drogas, crítica ao bipartidarismo PT-PSDB etc. Podemos fazer isso com cartazes, panfletos etc.
Mão à obra!
Vamos às ruas!
Partido Verde do Estado do Rio de Janeiro