Mais de 2,8 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão fora da escola
Dados são de estudo da UNICEF, apresentado a pedido da deputada Leandre (PV-PR) na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados
Durante reunião da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara dos Deputados, nesta quarta (25), a representante da UNICEF, Liliana Chopitea, apresentou o estudo “Bem-estar e Privações Múltiplas na Infância e na Adolescência no Brasil”. O requerimento para apresentação do estudo foi feito pela deputada federal Leandre Dal Ponte (PV-PR). O texto traz orientações para reduzir as privações — monetárias e não monetárias — que atingem crianças e adolescentes no Brasil e contém um dado alarmante: mais de 2,8 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão fora da escola.
De acordo com o estudo, a pobreza infantil tem múltiplas dimensões, além da material e da monetária. E ela é resultado da inter-relação de privações, exclusão e vulnerabilidade, que afetam a infância e a adolescência. E para ter a compreensão completa do que significa ser pobre não é suficiente concentrar-se na renda, ou apenas na pobreza monetária. É necessário analisar outros fatores, as privações não monetárias, que impedem o bem-estar das crianças e adolescentes.
Conforme o documento, metade das crianças e adolescentes do Brasil (49,7% exatos) sofre ao menos uma das seis privações não monetárias analisadas: educação, informação, proteção contra o trabalho infantil, água, saneamento e moradia. Observou-se também que 6,5% (mais de 2,8 milhões) da população de crianças e adolescentes está fora da escola. Cerca de dez milhões de crianças e adolescentes não têm internet em seus domicílios. E 500 mil crianças ou adolescentes não tem sequer meio de comunicação em casa — nem rádio, nem televisão, nem internet. As informações do estudo foram retiradas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), aplicada em 2015.
Para Liliane da Unicef, o Brasil evoluiu bastante durante a década de 2005 a 2015 na redução de pobreza infantil, no entanto os desafios são ainda grandes. “E é importante mostrar os dados para que a gente, juntos, possa encontrar a solução”, disse.
A deputada Leandre afirma que os dados são preocupantes e uma grande responsabilidade. Como presidente da Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância, a deputada paranaense disse que se queremos mudar a história, é necessário mudar o começo da história.
“Esses dados trazem um retrato dos desafios que temos pela frente pelos próximos anos. E ninguém pode contestar o que é feito na evidência, na ciência, e nesses dados de qualidade que a UNICEF nos traz hoje”, pontuou.
Ela afirmou ainda que é muito triste ver o contingente de crianças fora da escola. Mas deu destaque para o compromisso assumido pelo Governo Federal no Plano Plurianual em dar prioridade aos investimentos na Primeira Infância. “Nós estamos trabalhando para garantir orçamento para que essas políticas possam ser desenvolvidas aqui no Brasil. Também assinamos o Pacto Nacional pela Primeira Infância, em junho deste ano. Tenho certeza que estas ações impactam nos próximos resultados dos estudos que a UNICEF vai apresentar daqui para frente”, reforçou.