O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ao blog ter ficado “perplexo” com o tratamento dado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao agora ex-presidente do BNDES Joaquim Levy.
Levy pediu demissão neste domingo (16), um dia após o presidente Jair Bolsonaro ter dito em entrevista coletiva que o presidente do BNDES estava com a “cabeça a prêmio“. Bolsonaro cobrava a demissão de Marcos Pinto, diretor de Mercado de Capitais do banco.
Segundo integrantes da equipe econômica, o substituto de Levy será indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e deve ser da iniciativa privada.
Neste domingo, Rodrigo Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se reuniram para discutir a pauta do Congresso desta semana e para avaliar o cenário político e econômico.
Entre os assuntos, discutiram a ameaça feita por Bolsonaro no sábado e o pedido de demissão apresentado por Levy.
Ao blog, Rodrigo Maia disse que soube da saída de Levy pela imprensa. Acrescentou que ficou surpreso com a justificativa do governo. Ao colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, Guedes disse que Bolsonaro ficou “angustiado” porque Levy escolheu “nomes ligados ao PT” para a equipe.
Marcos Pinto, que renunciou ao cargo na noite deste sábado, é respeitado entre economistas e técnicos. Segundo o jornal “Valor Econômico“, é mestre em direito pela Universidade de Yale (EUA) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP).
Marcos Pinto foi chefe de gabinete de Demian Fiocca na presidência do BNDES (2006-2007). Fiocca era considerado, no governo federal, um homem de confiança de Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Articulação política
Os parlamentares estão preocupados, ainda, com a falta de articulação política do governo e com as crises criadas pelo Planalto em meio à proximidade da votação do relatório da reforma da previdência na comissão especial.
A demissão, na semana passada, do ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, também causou surpresa entre os parlamentares. Reforçou a ideia de que o grupo ideológico mais próximo ao presidente é quem tem força, o que afasta o Congresso do Planalto.
Entre ministros da ala militar ouvidos pelo blog, há quem defenda a mudança de comando na articulação política do governo, mas somente após a votação da Previdência.
Um ministro não descarta, por exemplo, a ida de Rogério Marinho (secretário da Previdência) para ajudar na articulação do governo, mas afirma que “agora não acontecerá”. Isso porque, diz o aliado de Bolsonaro, Marinho neste momento “é muito importante no Congresso por conhecer profundamente o projeto da Previdência”.
Fonte: G1