Manifestantes chegaram a escalar o Arco do Triunfo no centro de Paris no terceiro fim de semana de protestos dos chamados “coletes amarelos” – que começaram sendo contra a alta do diesel e se tornaram uma revolta geral contra os altos custos de vida na França.
A polícia novamente entrou em conflito com os manifestantes, usando gás lacrimogênio, bombas de efeito moral e canhões de água na avenida Champs-Elysées, uma das principais da cidade.
Com máscaras cobrindo parte do rosto, os manifestantes atiraram objetos na polícia e atearam fogo em edifícios.
O que começou como uma resistência ao imposto sobre o diesel criado pelo presidente Emmanuel Macron se tornou uma revolta geral contra os altos custos de vida na França.
O presidente francês afirma que sua política para os combustíveis é necessária para combate o aquecimento global.
De volta neste domingo à França, após o encontro do G20, ele visitou a região do Arco do Triunfo pela manhã e convocou uma reunião no Palácio do Eliseu com o primeiro-ministro, o ministro do Interior e membros do serviço de segurança.
O porta-voz Benjamin Griveaux disse à rádio Europe 1 que o governo não descarta declarar estado de emergência. “Nós precisamos pensar nas medidas que podem ser tomadas para que esses incidentes não aconteçam novamente.”
Neste sábado, pelo menos 100 pessoas ficaram feridas, incluindo 23 membros das forças de segurança, e três morreram. Mais de 400 pessoas foram presas, de acordo com a polícia.
O ministro do Interior afirmou que ao menos 75 mil pessoas foram às ruas na França no mais recente dia de protesto dos “coletes amarelos” (gilets jaunes, em francês) – as demonstrações estão sendo chamadas assim porque as pessoas estão usando nas ruas os coletes amarelos obrigatórios para andar de carro no país.
Na última semana, Macron tentou usar um tom conciliatório com a população, dizendo que estava aberto a ideias sobre como o imposto sobre o combustível poderia ser aplicado.
Mas seu discurso aparentemente não conseguiu dissuadir os franceses da ideia de que ele “perdeu o contato com o povo”.
O que aconteceu neste fim de semana?
Com cenas dramáticas, a manifestação na capital francesa durou horas.
Uma testemunha contou à agência Reuters que os bombeiros estavam tentanto apagar fogo em um prédio próximo à avenida Champs-Elysées. Outro edifício pegou fogo em uma avenida próximo ao Arco do Triunfo, e manifestantes roubaram um rifle de assalto de um carro da polícia no centro da cidade.
Lojas de departamento e estações de metrô foram fechadas como resultado da violência.
Mas os participantes continuam a afirmar que o movimento é pacífico.
“Está uma confusão, porque não tem ninguém liderando”, disse Dan Lodi, um aposentado de 68 anos à agência de notícias AFP.
“Sempre tem alguns idiotas que vêm para brigar, mas eles não nos representam”, afirmou.
Entre os manifestantes pacíficos, que carregam faixas com os dizeres “Macron, pare de nos tratar como idiotas!”, há algumas pessoas escondendo o rosto com máscaras e lenços.
A polícia atirou gás lacrimogênio, bombas de efeito moral e usou canhões de água para dispersas grupos que tentavam derrubar barricadas construídas pelas forças de segurança.
O ministro do interior, Christophe Castaner, que esteve na rua, disse no Twitter que havia “1,5 mil agitadores fora do perímetro de segurança que vieram para brigar.”
Ele chamou os protestos de “insulto à república”.
O que mais se sabe sobre os protestos?
O movimento cresceu nas redes sociais em resposta à revolta contra os altos impostos e o custo de vida, e angariou críticos às políticas econômicas do presidente Macron – que esteve na Argentina neste fim de semana, para a reunião da cúpula do G20.
Os protestos têm apoiadores em todo o espectro político, desde a extrema-esquerda até a extrema-direita. Macron acusa seus oponentes políticos de “sequestrarem” o movimento para bloquear seu programa de reformas.
Como o movimento cresceu nas redes sociais, não tem uma liderança identificável ou uma demanda específica. O que há é muita coordenação via Facebook e muito apoio do público.
No primeiro protesto, em 17 de novembro, mais de 300 mil pessoas foram às ruas.
A maioria dos manifestantes continua pacífico, mas centenas pessoas foram feridas ao longo das últimas semanas, várias gravemente. Uma pessoa morreu ao ser atingida por um motorista em pânico e um motociclista foi morto alguns dias depois, atingido por uma van que tentava fugir do caos no trânsito.
Fonte: BBC