Reconduzido à liderança do PV neste ano, o deputado Sarney Filho (MA) chama a atenção para a crise da água na região Sudeste. O problema ambiental, diz o parlamentar, é grave e traz à tona a discussão da preservação dos biomas brasileiros. “Vamos ficar atentos às tentativas de retrocesso na legislação ambiental”, avisa.
Para além da questão ambiental, Sarney Filho reforça que o partido manterá postura independente em relação ao governo. A reforma política está na pauta da legenda, além dos direitos de quilombolas e indígenas.
Advogado, 57 anos, Sarney Filho é deputado federal desde 1983. Passou pela Arena, pelo PDS e pelo PFL antes de ingressar no PV, em 2003. Fora da Câmara dos Deputados, foi secretário para Assuntos Políticos do Maranhão e ministro do Meio Ambiente no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Leia abaixo a entrevista concedida por Sarney Filho à TV Câmara.
Quais são as perspectivas do partido para este ano?
Este ano vai ser muito difícil. Vai ser difícil para o Executivo nacional, porque a economia não vai bem. Mas vai ser difícil principalmente para a população, porque estamos vivenciando talvez a maior crise ambiental da história do Brasil. Corremos o risco de ver grande parte da região Sudeste, cidades importantes, sem água para beber. Isso pode trazer para essas populações a necessidade de migrar para outras regiões. De nossa parte, vamos ficar atentos, aqui, às tentativas de retrocesso na legislação ambiental, o que seria um contrassenso. Hoje já se sabe a importância dos biomas, das florestas, principalmente da Amazônia e da Mata Atlântica, para a manutenção dos recursos hídricos. Temos de preservar os biomas, fazer com que eles continuem prestando serviços ambientais. Muitas das propostas que existem aqui, bancadas pelos ruralistas, por segmentos do agronegócio mais radicais, vão justamente no sentido de afrouxar as regras para que haja mais desmatamento, para plantar capim, plantar grão.
Qual será a posição do PV em relação ao governo?
Nós sempre fomos independentes. A nossa intenção é continuar dessa forma: vamos votar favoravelmente àquilo que acharmos importante para o País, e contrariamente àquilo que acharmos que é contra. Não temos vínculo, não temos rabo preso com o governo, não temos cargos, não temos compromisso nenhum que não seja dentro da perspectiva de ajudar o Brasil. Nós fazemos parte de um bloco formal, mas não vamos nos alinhar nem ao bloco da oposição nem ao do governo.
O partido tem alguma posição em relação às medidas provisórias que tratam de assuntos previdenciários (MPs 664/14 e 665/14)?
Não vamos votar nada que implique retrocesso nos ganhos sociais. Isso implica retrocesso. A nossa tendência é votar contra.
Há projetos prioritários para o PV em análise na Câmara?
Temos o projeto da Lei do Mar [PL 6969/13], importantíssimo. Temos a reforma política, e o PV tem lutado por uma reforma radical, pelo voto distrital misto, para que a gente possa discutir o parlamentarismo. Vamos nos debruçar sobre qualquer tipo de reforma fiscal que dificulte ainda mais a vida dos municípios e dos estados – nosso partido é municipalista. E vamos avançar em tudo que disser respeito aos direitos humanos, defender os quilombolas, as terras indígenas e as unidades de conservação. Apesar das dificuldades, há uma sensibilidade grande do Parlamento. Essa crise hídrica está alertando as pessoas para o problema grave que é o ambiental. A Mata Atlântica fornece água para as cidades e ela foi quase totalmente destruída. Isso deixou de ser uma discussão apenas dos ambientalistas para ser uma discussão de todos.
Fonte: Agência Câmara Notícias