Em discurso hoje, (19), no Plenário da Câmara dos Deputados, o líder do Partido Verde, deputado Sarney Filho (PV-MA), citou a homilia feita pelo papa Francisco para falar da nova tragédia que se desenrola em Petrópolis, onde quatorze pessoas já morreram por causa das chuvas. “Não deixemos que os sinais de destruição e de morte acompanhem o caminho deste nosso mundo. Isso significa respeitar cada uma das criaturas de Deus e respeitar o meio ambiente em que vivemos.”
“Sábias palavras do papa Francisco, que significam proteger as pessoas, mostrar uma preocupação amorosa a cada uma delas, especialmente as crianças, idosos e aqueles em necessidade, que frequentemente são os últimos em que pensamos. As tragédias ambientais não atingem aqueles que têm posse, que têm dinheiro, mas principalmente os necessitados, os mais pobres, e é para essas pessoas que devemos voltar os nossos olhos”, afirmou o líder.
Sarney Filho cobrou a aplicação dos recursos destinados pelo governo para enfrentar desastres como o de Friburgo, em 2011, onde quase mil pessoas morreram. “E extremamente grave a informação sobre a execução orçamentária da União para 2012, no que se refere à aplicação de recursos para enchentes. “Foram destinados R$ 5,2 bilhões, dos quais mais de 60% eram para a resposta aos acidentes! Mas, o que chama atenção é que, apenas 23,72% destes recursos foram executados”, criticou o líder.
Ele lembrou que a sequência de ocorrências é longa e de triste lembrança. Em Santa Catarina, no final de 2008, foram aproximadamente duas centenas de mortes. No começo de 2010, as tragédias assolaram Angra dos Reis na passagem do ano, ceifando 126 vidas e, em Niterói, no Morro do Bumba, local onde originalmente existia um lixão, contabilizou-se 200 mortes.
O líder reforçou que o aquecimento global é uma realidade e que contra ele é preciso trabalhar em duas vertentes: “A primeira é adaptar e mitigar, adaptar àquilo que já existe. Não há uma pessoa hoje no mundo que não tenha sentido os efeitos do aquecimento global. É o agricultor, é o pecuarista, são as pessoas que moram nas encostas do morro. Nós sabemos que as precipitações estão vindo com muito mais força, em muito maior quantidade e menor tempo. Sabemos também que as secas estão se prolongando em regiões em épocas que jamais existiriam. Estamos vendo secas se repetindo no Nordeste. Isso tudo é produto da ação do homem nas emissões de gases, no efeito estufa” ,afirmou o deputado.
Para o líder, a evolução dos desastres ambientais “mostra a relação direta com a ocupação de áreas de baixo risco e da não observância da legislação ambiental.”
“Um estudo do Ministério do Meio Ambiente, realizado em 2011, baseado em imagens aéreas dos locais afetados pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, evidencia esta relação direta, mostrando que a ocupação de áreas de preservação permanente e o desmatamento de morros foram e são os principais responsáveis pelas mortes e pelo prejuízo econômico trazido pela chuva”, citou Sarney Filho.
Para o deputado, um conjunto de fatores, com reflexos ambientais, sociais e econômicos pode explicar o que ocorre. “O Código Florestal vigente, conforme tivemos a oportunidade de denunciar, nesta Tribuna, por diversas vezes, representa, em todos os aspectos, um grande retrocesso na legislação ambiental, uma vez que retirou diversas garantias ambientais, a exemplo da redução das Áreas de Preservação Permanente e da Reserva Legal, bem como a anistia de infratores ambientais que foram multados por causar dano ao meio ambiente. Também reduziu a obrigatoriedade de recomposição de vegetação em área de preservação permanente degradada”, afirmou o líder.
Fonte : Assessoria de imprensa do deputado Sarney Filho