Em meio ao racha do PSL, o deputado Delegado Waldir (GO), líder do partido na Câmara, foi gravado dizendo que vai implodir o governo de Jair Bolsonaro (PSL).
“Vou fazer o seguinte, eu vou implodir o presidente. Ai eu mostro a gravação dele, eu tenho a gravação. Não tem conversa, eu implodo o presidente, cabô, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo, cara. Eu votei nessa porra, eu andei no sol 246 cidades, no sol gritando o nome nesse vagabundo”, disse o deputado.
A Folha teve acesso ao áudio que foi gravado dentro do gabinete do deputado nesta quinta-feira (17).
?Em meio a um racha no PSL, escancarado depois de o presidente admitir que pode deixar a legenda, deputados do partido deflagraram uma guerra de listas na noite de quarta-feira (16) para troca do líder na Câmara.
A disputa põe em choque aliados do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PE).
Bolsonaro e Bivar estão há mais de uma semana em atrito, depois de o presidente afirmar que o colega de partido está “queimado pra caramba”. Bivar também foi alvo de operação da Polícia Federal que investiga suposto esquema de candidaturas laranjas.
O atual líder da bancada é Delegado Waldir (GO), mas bolsonaristas querem substituí-lo por Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, como a Folha antecipou. Segundo deputados, Bolsonaro atuou pessoalmente para influir no processo.
As versões desencontradas geraram uma confusão no protocolo da Câmara.
A ala bolsonarista entregou uma lista com 27 assinaturas para tirar Waldir do comando da bancada. Uma contra-lista foi então apresentada com 32 deputados.
Como o PSL tem 53 parlamentares, a conta não fecha. O impasse foi instaurado. Como a lista para manter Waldir na liderança foi a última protocolada, é ela que vale por enquanto para a Câmara.
Eduardo já comentou uma eventual substituição. “O meu compromisso aqui é ficar até dezembro, oportunidade em que teremos eleições para o ano que vem”, afirmou em entrevista coletiva, cercado pelo núcleo duro dos bolsonaristas.
As assinaturas, porém, terão de ser checadas pela administração da Câmara para conferir se são autênticas, e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem de chancelar a medida para que ela entre em vigor.
Os deputados de ambos os grupos não mostraram as listas à imprensa.
No lado bolsonarista, a decisão dos congressistas vem na esteira da crise do PSL. Waldir vinha retaliando, desde a semana passada, deputados da ala dissidente, retirando-os de comissões e de posições na liderança do partido.
“A minha intenção é apenas manter o status quo, muitos deputados foram retirados de comissão, ocorreu uma retaliação e pareceu que se estava fazendo política com o fígado”, disse Eduardo.
O filho do presidente também afirmou que sua indicação para ocupar a embaixada do Brasil em Washington é secundária.
“Todos os temas como embaixada, ou viagem para a Ásia, esses são temas secundários, a gente está aqui para cuidar dos nossos eleitores”, afirmou. O mandato seria tampão. Washington está sem embaixador há meses.
Delegado Waldir chegou a dizer publicamente que Bolsonaro estava ligando para deputados para destituí-lo do cargo.
“O presidente está ligando para cada parlamentar e cobrando o voto no filho dele”, disse.
Em conversas reservadas, Bolsonaro tem defendido a necessidade de se criar um movimento maior de apoio a ele e que eleve a pressão sobre Bivar para a realização de uma auditoria externa nas contas do PSL.
A ideia tem sido a de usar eventuais irregularidades nos documentos como justa causa para uma desfiliação de deputados da sigla, o que evitaria perda de mandato.
Como a articulação até agora criou um racha no partido que colocou em risco a pauta de votações no Congresso, a ordem de Bolsonaro a aliados tem sido de que a movimentação seja feita da forma mais discreta possível e que seja intensificada em novembro, quando ele voltar de viagem à Ásia.
271.195 filiados (em ago.19)
3 governadores (SC, RO e RR), de um total de 27 estados
53 deputados federais, de 513; 2ª maior bancada, atrás da do PT (54)
3 senadores, de 81; a maior bancada, do MDB, tem 13
R$ 110 mi – repasses do fundo partidário em 2019 (estimativa)
Fonte: Folha