Eleita deputada federal, com 81.181, Leandre Dal Ponte é natural de Chopinzinho, interior do Paraná. Foi Secretária de Saúde no município de Saudade do Iguaçu, e fundou há 15 anos, a Casa de apoio Ideal de Curitiba, que diariamente presta hospedagem, alimentação e transporte aos hospitais para cerca de 500 pessoas que vem de todo o interior do Paraná, inclusive de outros estados do Brasil para a Capital paranaense em busca de consultas médicas, tratamentos de saúde e procedimentos de alta complexidade. Na entrevista que concedeu ao PVMulher, Leandre fala sobre os desafios para a próxima legislatura, a importância do trabalho da Bancada Verde na defesa dentro do Congresso de temas ambientais e defende uma maior participação feminina na política, entre outros temas.
Fale um pouco sobre sua trajetória política, participação em causas e movimentos que te despertaram interesses políticos até se candidatar e ser eleita.
Leandre Dal Ponte – Meu primeiro contato com a vida pública ocorreu em 1997, quando assumi a Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Saudade do Iguaçu, localizada na região sudoeste do Paraná. Lá pude acompanhar de perto a dificuldade de muitas pessoas, na busca de um atendimento de saúde gratuito de qualidade. Em pouco tempo implementamos no município o programa Saúde da Família, melhorando a estrutura de saúde preventiva e ampliando o índice de promoção da saúde da população. Mesmo assim acompanhava de perto a dificuldade que muitas famílias enfrentavam quando precisavam realizar tratamentos e procedimentos médicos mais complexos e se fazia necessária a ida para outros municípios. Vendo esta dificuldade criei em 2001 a Casa de Apoio Ideal de Curitiba, que atende atualmente cerca de 500 pessoas por dia e presta serviço de hospedagem, alimentação e transporte para os hospitais e centros médicos da Capital paranaense. Conhecendo de perto essa realidade vivida por milhares de famílias decidi em 2010 me candidatar à deputada federal. Com pouca experiência de campanha acabei ficando na primeira suplência obtendo 47.510 votos, o que despertou ainda mais o desejo nas pessoas que me apoiaram de que eu seguisse essa caminhada. Com o tempo passei a ser Coordenadora Regional do PV do Paraná e felizmente nesta eleição obtivemos êxito com o apoio de 81.181 paranaenses que acreditam em nossa causa.
Estamos em um momento de eleição para a Presidência da República. O que você espera que aconteça? Comente um pouco sobre o que acha do atual cenário político da principal campanha majoritária do Brasil e para você qual será o papel do próximo presidente a ser eleito (a)?
Leandre Dal Ponte – Sei que é meio difícil, mas espero que tenhamos uma eleição mais tranquila, onde as propostas e projetos para o nosso país se sobreponham às acusações e denúncias. Precisamos repensar o Brasil, planejá-lo não apenas para o próximo mandato, mas para os próximos 10, 20, 50 anos. Precisamos que a sociedade participe cada vez mais das decisões, não apenas em eleições a cada dois anos. Somos a sétima maior economia do planeta, conquistamos muitos avanços econômicos e sociais nos últimos 20 anos, mas ainda vivemos com muitos problemas de países de terceiro mundo com uma população de cerca de 16 milhões de pessoas que vivem na linha da pobreza.
Seja qual for o novo presidente (a), ele terá que enfrentar muitos desafios nos próximos quatro anos, começando pela nova composição política no Congresso, buscar o consenso não será tarefa fácil. O próximo presidente (a) precisará ter uma visão plural do Brasil, compreendendo os desafios diversos que o nosso Brasil enfrentará a partir de 2015, principalmente na área econômica, social e no meio ambiente.
Diante de tantos desafios o que acha que deve ser priorizado pela Bancada Verde na próxima legislatura? Destaque algumas temáticas.
Acredito que alguns dos temas relevantes para a nossa Bancada em 2015 será o desenvolvimento sustentável e a preservação dos nossos recursos naturais, da nossa fauna e flora rica e exuberante, pois atualmente já estamos vivendo situações críticas na área ambiental como a crise hídrica no estado de São Paulo. Tudo isso é reflexo do nosso atual modelo de desenvolvimento econômico que já está insustentável. Outro tema importante será a reforma política, com pontos críticos que precisam ser debatidos pela Casa, como o financiamento público de campanha, unificação das eleições, voto distrital, dentre outros pontos relevantes.
Como pretende que seja a sua participação na Bancada Verde? Quais são suas metas e planos? Tem prioridades temáticas? Quais são?
Sendo uma deputada Verde é claro que participarei com ênfase nas questões e bandeiras defendidas pelo partido, como a sustentabilidade e preservação do meio ambiente, a cidadania plena, a justiça social, a democracia, o poder local, a liberdade e igualdade. São valores que sempre nortearão as minhas decisões políticas, seja em alguma votação, na elaboração de algum projeto ou mesmo na defesa destes valores na tribuna. Mas devido à minha vivência, a saúde certamente será a minha mais importante bandeira.
Quais bandeiras sua base pediu e você pretende transformar em projeto de lei e irá defender?
A minha base é a saúde. Terei ela como minha principal bandeira em meu mandato. Acredito que com a minha experiência de 18 anos acompanhando de perto os problemas da saúde pública, poderei contribuir muito participando das comissões da Casa que tratam do financiamento do SUS. A minha prioridade é fazer com que as pessoas tenham acesso a um sistema de saúde pública, gratuito, e de qualidade sem precisar se deslocar centenas e até milhares de quilômetros de sua casa, longe de seus familiares, em busca de um tratamento médico ou algum procedimento de alta complexidade.
A partir da sua experiência fale sobre o papel da mulher na política e quais os mecanismos para que sua participação seja maior e mais efetiva?
A mulher tem um papel fundamental para o fortalecimento da democracia brasileira. Nós somos o contraponto de um Congresso de ampla maioria de deputados. Na próxima legislatura seremos 51 contra 462 homens. É um desequilíbrio imenso ainda, mas um pequeno avanço se comparado às eleições de 2010, quando eram apenas 47 mulheres. Muitos partidos lançam candidatas apenas para preencherem as cotas, mas não há um trabalho de base, de formação política, estimulando as mulheres a participarem das discussões e debates políticos.
Mesmo tendo hoje uma mulher no cargo político mais importante do país, a presidência da república, ainda vejo um abismo que separa a participação efetiva das mulheres nas decisões políticas. As mulheres conquistaram o direito ao voto em 1932 e hoje temos um Brasil com mais eleitoras que eleitores, afinal de acordo com o último senso do TSE são cerca de 74 milhões de mulheres que votam e pouco mais de 68 milhões de homens aptos a votar. Esses números não refletem nem na participação das mulheres, muito menos no êxito nas eleições. Precisamos criar mecanismos partidários e legislações que estimulem e valorizem a formação de lideranças mulheres. Precisamos reforçar a presença feminina nas Câmaras Municipais, Assembleias e no Congresso.
Fonte : Camila Caetano para o PVMulher