Uma reportagem investigativa da BBC Brasil apontou um grande esquema para influenciar as eleições de 2014 no Brasil. Uma empresa contratava pessoas para cumprir a tarefa de criar diversos perfis falsos nas redes sociais e trabalhar em prol de candidatos.
Estratégia parecida com a utilizada nas eleições dos EUA pelo Donald Trump no ano passado, e que obrigou Mark Zuckerberg a pedir desculpas pelo papel do Facebook na história. De acordo com a investigação, uma prática parecida ocorre no Brasil desde 2012.
A reportagem entrevistou diversos ex-funcionários de uma empresa que, segundo eles, recebiam entre R$ 800,00 e R$ 2.000,00 reais por mês para criar perfis falsos no Facebook e no Twitter, encarregados de elogiar certos políticos e criticar seus oponentes.
A diferença deste tipo de ação em relação ao que se falou muito nos EUA, é que eles utilizavam pessoas ao invés de robôs para realizar as tarefas, eles tinham a missão de “parecer pessoas reais” publicando coisas como: “bom dia”, “boa noite”, “alguém tem um filme para recomendar?”, “só queria dormir a tarde inteira”, “estou com muita fome”, textos intercalados com discussões políticas.
A reportagem reuniu vasto material com o histórico de mais de 100 supostos perfis falsos e identificou 13 políticos que teriam se beneficiado com o esquema, porém diz que não há evidências de que os políticos soubessem que perfis falsos estavam sendo usados.
“Os ciborgues ou personas geram cortinas de fumaça, orientando discussões para determinados temas, atacando adversários políticos e criando rumores, com clima de ‘já ganhou’ ou ‘já perdeu’”. Exploram o chamado “comportamento de manada”. (BBC)
“Ou vencíamos pelo volume, já que a nossa quantidade de posts era muito maior do que o público em geral conseguia contra-argumentar, ou conseguíamos estimular pessoas reais, militâncias, a comprarem nossa briga. Criávamos uma noção de maioria”, diz um dos ex-funcionários entrevistados. (BBC)
A empresa apontada na reportagem como responsável pelo tal exército fake seria uma agência de comunicação digital sediada no Rio de Janeiro. O dono da companhia negou que tenha contratado pessoas com a finalidade de criar perfis fakes e manipular o debate político nas redes dessa forma. Os políticos citados na reportagem também negaram envolvimento.
Sugiro que você leia a matéria completa da BBC com detalhes sobre a investigação realizada e tire suas próprias conclusões. A questão que devemos nos atentar é que estamos diante de uma nova eleição presidencial para 2018 e essa prática deve se intensificar bruscamente nas redes sociais, procure saber a fundo com quem você está discutindo política no Facebook antes de acreditar no conteúdo disseminado.
As empresas Facebook e Twitter dizem que proíbem perfis falsos e que atuam para derrubar o maior número possível deles. Porém o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não definiu com clareza as regras para campanha eleitoral nas redes sociais.
Fonte: A Tribuna