Este atual ciclo de globalização impulsionado pela expansão dos meios de comunicação e transportes, se bem administrado por uma governança global, pode trazer benefícios para todo planeta. Não é isto que tem acontecido na verdade, pois o poder dos mais fortes tem se sobreposto a uma possível vontade das maiorias que poderiam se expressar por uma democracia ampliada mundialmente. Os mais fortes têm se aproveitado da falta de regras mundiais que exerçam uma ação moderadora sobre seus apetites selvagens.
O que precisamos para superar a brutal e insustentável desigualdade entre Estados Unidos da América e Etiópia, ou entre Japão e Honduras, é uma evolução amadurecida passo a passo por políticas públicas internacionais em direção a uma Federação Democrática de Nações. Isto vai permitir a preservação da riqueza da nossa diversidade cultural e vai permitir uma convergência dos padrões de qualidade de vida que superem a extrema riqueza e a extrema pobreza hoje existente.
As duas mais importantes experiências nas últimas décadas pós segunda grande guerra de onde devemos tirar ensinamentos para colocar o Brasil na vanguarda desta construção são a ONU e a Comunidade Europeia. Com todas suas limitações e contradições, a ONU tem dado mostra de capacidade histórica e inédita de gerar pautas progressivas para políticas públicas. A Comunidade Europeia vem mostrando capacidade de fechar feridas antigas e dolorosas de ódios seculares, caminhar para uma convivência com diversidade e progredir na convergência de padrões de bem estar entre os países reunidos no seu território.
Apoiamos a ONU como organização global para gerenciar conflitos e manter a paz, ressaltando que no caso de falhas de medidas de prevenção e nas situações de violação estruturais e maciças dos direitos humanos e/ou genocídio, o uso da força pode ser justificado se significar o único meio de prevenção contra a continuidade da violação dos direitos humanos e sofrimento, desde que a decisão e o comando sejam na ONU.
Cada nação, e mais ainda o Brasil pelo seu peso crescente no cenário internacional, deve fazer o trabalho de desenvolvimento sustentável e superação da miséria no seu território, mas ter consciência que não há uma salvação isolada de um país. Por mais poderoso que seja, isto é atualmente um delírio nacionalista e até reacionário.
Devemos ser um sujeito consciente e ativo neste processo, e não ser arrastado por ele. Na construção de uma governança global o Brasil, por sua historia, pelas suas riquezas ambientais e pelo temperamento de seu povo mestiço e cosmopolita, pode ter atuação destacada. São dois os nossos principais campos de atuação: cultura de paz e desenvolvimento sustentável. Lembrando que estas forças caminham sempre juntas com a defesa dos direitos humanos e do desenvolvimento da democracia. Estas são as linhas fortes do nosso trabalho na política internacional.
Algumas propostas de desenvolvimento desta política:
- Metas de redução não voluntárias de emissões de gases efeito estufa proporcionais às responsabilidades históricas e atuais.
- Metas de redução de gastos com orçamentos militares. Banimento de armas atômicas.
- Metas de convergência nas obrigações trabalhistas e previdenciárias.
- Democratização das instâncias decisórias da ONU, inclusive conselho de segurança.
- Prioridade para aproximação e acordo de livre comércio do Brasil com a comunidade europeia.
- Compromisso com o desenvolvimento sustentável do continente africano.