Cerca de 60 ministros reunidos nesta segunda-feira pelo segundo dia em Paris tentavam impulsionar as negociações sobre o clima, num contexto de informes alarmantes que mostram a necessidade de chegar a um acordo na Conferência do Clima de Paris (COP21), no final de novembro.
“Avançamos em território desconhecido e a máquina acelera num ritmo aterrador”, alertou nesta segunda-feira Michel Jarraud, diretor da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU com sede em Genebra.
“A cada ano registramos um novo recorde de concentração de gases do efeito estufa como o dióxido de carbono (CO2), o metano e o óxido de nitrogênio”, lamentou Jarraud, após a publicação do informe anual da OMM que aponta que a média mundial de emissões de dióxido de carbono (CO2) chegou ao nível inédito de 397 partes por milhão (ppm).
A OMM adverte que a concentração pode superar a barreira de 400 ppm em 2016.
“O gás carbônico não pode ser visto, é uma ameaça invisível, mas muito real”, destacou Jarraud.
“Isto implica temperaturas globais maiores, mais fenômenos meteorológicos extremos como ondas de calor, inundações, degelo e a elevação do nível dos oceanos e de sua acidificação”, explicou.
O documento foi divulgado a três semanas do início da conferência do clima de Paris (COP21), onde se espera um acordo mundial para combater os efeitos das mudanças climáticas e que limite o aumento da temperatura a dois graus centígrados na comparação com o período pré-industrial.
Grandes cidades costeiras como Rio de Janeiro, Xangai, Mumbai, Hong Kong ou Buenos Aires estão sob ameaça da alta do nível do mar, inclusive com um aumento limitado a 2 graus centígrados da temperatura global, segundo relatório publicado pelo instituto de pesquisa Climate Central, publicado a três semanas da conferência do clima de Paris (COP21).
O nível dos mares já aumentou cerca de 20 centímetros desde o início do século XX e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) prevê que o ano 2100, aumentou entre 26 e 82 centímetros relativo à média do período de 1986-2005.
Emergência absoluta – O estudo da Climate Central faz previsões mais distantes, mostrando que o fenômeno continuará inevitavelmente.
Com 2º de aumento, a alta seria de 4,7 metros em média (entre 3 e 6,3 metros) e afetaria menos da metade das pessoas. Caso o aumento seja limitado a 1,5°, como pedem os estados insulares, os mais vulneráveis, a água subiria 2,9 metros e afetaria 137 milhões de pessoas.
Se o aumento for de 3°C (cenário resultante caso sejam cumpridas as promessas feitas pelos estados até agora para reduzir as emissões), o aumento do nível do mar será de 6,4 metros, cobrindo áreas onde 400 milhões de pessoas vivem hoje.
Se as emissões continuarem ao ritmo e causarem aquecimento do planeta de 4°C, o nível dos oceanos subiria 8,9 metros em média, provocando a submersão de áreas onde 600 milhões de pessoas vivem atualmente.
O Banco Mundial alertou em um estudo difundido no domingo que o planeta terá 100 milhões de pessoas a mais vivendo na pobreza extrema em 2030 caso o impacto do aquecimento global não seja limitado.
Por sua vez, a ministra das Relações Exteriores venezuelana, Delcy Rodriguez, exortou todos os países a assumirem seu compromisso com a mudança climática.
“O compromisso dos países desenvolvidos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa não podem ser motivo de regatear rosto a responsabilidade histórica que lhes cabe antes de humanidade”, disse a chanceler.
Cerca de 60 ministros reunidos entre domingo e terça-feira para preparar a COP21 em Paris abordaram nesta segunda-feira, a portas fechadas, questões cruciais para selar um acordo definitivo: a equidade entre o Norte e o Sul, objetivos ambiciosos, financiamento e as ações necessárias antes da entrada em vigor do acordo a ser alcançado na capital francesa, em 2020.
Fonte: UOL