Recuo da economia, o sexto consecutivo, veio pior do que a estimativa dos analistas do mercado financeiro
O Produto Interno Bruto brasileiro (PIB) caiu 0,6% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre, segundo divulgou o IBGE. Na comparação com o segundo trimestre de 2015, o PIB recuou 3,8%. O resultado representa a sexta queda trimestral consecutiva e veio pior do que a mediana das expectativas dos analistas.
Apesar do recuo, dois componentes importantes que sinalizam uma saída da recessão – a indústria e o investimento – mostraram leve avanço na comparação trimestral. Por outro lado, o consumo das famílias, um dos motores de crescimento da economia, registrou o sexto trimestre consecutivo de recuo.
A indústria registrou leve avanço de 0,3%, enquanto os investimentos (medidos pela formação bruta de capital fixo) tiveram o primeiro resultado positivo depois de dez trimestres de recuo: +0,4%.
A queda menor na construção e na produção nacional de máquinas e equipamentos ajudaram na ligeira melhora nos investimentos. “A construção tem a ver com essa melhora. Continua caindo, mas em ritmo menor. E a produção de máquinas e equipamentos é a mesma coisa. As duas se refletem na taxa de investimento”, lembrou Claudia Dionísio, gerente das Contas Nacionais trimestrais do IBGE.
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, disse que houve efeito da melhora nas expectativas. Apesar do resultado positivo na margem, Rebeca considera que a alta na FBCF ainda está muito próxima à estabilidade. “A gente considera como crescimento variação acima de 0,5%”, completou Claudia.
A agropecuária sofreu contração de 2%, enquanto os serviços apresentaram recuo de 0,8%, também na comparação ante o trimestre imediatamente anterior.
A continuidade da retração do PIB, contudo, pode ser atribuída pelo consumo das famílias, que continua em queda (-0,7%); pelo consumo da administração pública, que variou -0,5% na comparação trimestral, após crescer 1% no primeiro trimestre; pela desaceleração nas exportações – que cresceram 0,4% no segundo trimestre após registrar 4,3% de alta no trimestre anterior – e alta nas importações, que cresceram 4,5%.
“O importante é que quem tem mais peso, que é o consumo das famílias, continua puxando pra baixo, a administração pública que também tem peso considerável trocou: crescia 1% e agora caiu 0,5%, e a importação com a exportação foi o que contribuiu mais negativamente nessa queda do PIB”, explicou Rebeca, coordenadora do IBGE.
Comércio. O comércio exterior teve contribuição negativa para o PIB no segundo trimestre ante o trimestre imediatamente anterior, com as exportações (0,4%) crescendo menos que as importações de bens e serviços (4,5%), com influência do câmbio.
“Dessa vez o comércio exterior teve contribuição negativa. A gente teve uma apreciação cambial no segundo trimestre e a exportação fica menos competitiva”, explicou Claudia Dionisio, do IBGE.
Investimento. A taxa de investimento de 16,8% alcançada pelo País entre abril e junho é a menor para um segundo trimestre desde 2003, quando atingiu 16,4%. No segundo trimestre do ano passado, ela foi de 18,4%.
Já a taxa de poupança registrou uma leve melhora no segundo trimestre, para 15,8%, em relação à do mesmo trimestre do ano passado (15,1%), o que pode ser explicado pela queda maior do consumo das famílias e do governo em volume em relação ao PIB, explicou Claudia, do IBGE.
(Daniela Amorim, Mariana Durão, Mariana Sallowicz e Nathália Larghi)
Fonte: Estadão