O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), defendeu hoje, 11, que diante da destruição do Cerrado – só restam 50% de sua cobertura original – será necessário aprovar uma legislação semelhante à Lei da Mata Atlântica, com dispositivos voltados para proteger o ecossistema, que é o mais ameaçado do país.
“Querem transformar o Cerrado em área para a agricultura com consequências que a gente desconhece. Infelizmente, a visão hoje aqui no Congresso Nacional é a do agronegócio, da expansão da monocultura e do lucro imediatista”, criticou Sarney Filho, durante evento da Frente que marcou o Dia do Cerrado. Para aprovar a lei, ele afirmou que será necessário mobilizar a sociedade civil.
“O Cerrado é o grande gerador de água do Brasil. É o nosso berço das águas. Não existe rio grande sem os rios pequenos para alimentá-lo. O rio São Francisco é um produto do Cerrado e, se acabarmos com o bioma, vamos acabar com o rio”, disse o coordenador. Além dos desmatamentos, o deputado citou como fator de destruição do Cerrado a construção de pequenas hidrelétricas – PCHs.
O evento da Frente Ambientalista foi marcado por críticas à falta de uma política de proteção ao Cerrado. Parlamentares e organizações não governamentais, como a SOS Mata Atlântica, citaram a tentativa de aprovar a Proposta de Emenda Constitucional – PEC 215, que transfere do Executivo para o Congresso Nacional a prerrogativa de criar e alterar limites de áreas indígenas, de quilombolas e de proteção ambiental.
“No rastro da flexibilização do Código Florestal, os estados estão aprovando códigos estaduais, como Minas Gerais e Goiás, que permitem mais desmatamentos em áreas de preservação permanente (APPs), situação que ficará ainda mais grave se o Congresso aprovar a PEC 215”, alertou Sarney Filho.
O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) também criticou a política da monocultura que, segundo ele, está fragilizando e degradando o Cerrado na Bahia. “A grilagem e o trabalho escravo já tinham atingido o Oeste do estado, agora o agronegócio está ocupando o que ainda temos de áreas naturais”, afirmou o parlamentar.
Donizete Tokarski, da Ecodata, fez um desabafo: “O bioma está sendo dizimado. O Cerrado é visto como um lixo que precisa ser destruído para dar lugar à monocultura. Desde o governo JK, não foram criadas novas áreas protegidas e temos, hoje, apenas 5% do Cerrado transformados em Parques e reservas”, lamentou Donizete.
Fonte : Agência Câmara
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados