O PV oficializou neste sábado (14) por unanimidade o nome do médico sanitarista, ex-deputado federal e ex-petista Eduardo Jorge, 64, à Presidência da República. Em um ato bem mais modesto do que realizou em 2010, quando lançou Marina Silva na corrida ao Palácio do Planalto, o partido ressaltou que agora tem um candidato que tem identificação total com as suas bandeiras.
O próprio Eduardo Jorge pontuou essa tese: “A candidatura de 2010 [Marina] era uma outra história. Tivemos o voto de protesto, o voto ambientalista e uma parte do voto religioso. A candidatura era uma coligação do PV com a Marina Silva, que tinha o seu grupo e suas ideias próprias. Agora não”, afirmou.
Segundo ele, que ressaltou ter respeito e admiração em relação a Marina, nessa eleição o PV “vem com seu programa íntegro, completo e mais atualizado”.
A referência do candidato é principalmente às posições religiosas de Marina Silva, que é da Assembleia de Deus e que tem posição pessoal, por exemplo, contrária à descriminalização do aborto.
De acordo com Eduardo Jorge, agora o partido resgata suas posições, mais liberais e avançadas. Em entrevista à Folha e ao UOL -ambos do Grupo Folha-, o candidato do PV defendeu a descriminalização do aborto e a legalização da maconha e criticou os demais candidatos, que segundo ele “lavam as mãos” nessas questões. No evento, houve distribuição de adesivos pela liberação da maconha.
Logo após ficar em terceiro na disputa de 2010, com quase 20% dos votos válidos, Marina rompeu com o PV e no próximo dia 28 deve ser confirmada como a vice na chapa presidencial de Eduardo Campos (PSB).
O presidente nacional do PV, o deputado federal José Luiz França Penna (SP) também criticou Marina, dizendo que pela primeira vez o partido não tem candidaturas “inventadas na sociedade”. Ele foi o principal adversário interno de Marina dentro do PV.
GOLEADA – No discurso após se aclamado candidato, Eduardo Jorge afirmou que o PV é o partido da vanguarda, coerente. “Nós somos o partido da vanguarda, o partido do século 21. Eles são partidos do século 20, todos eles.” E distribuiu críticas a Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segundo ele se coloca como “pai da pátria” e que fica ameaçando a toda hora voltar.
Sobre Campos e Aécio, afirmou que eles “pisaram na bola feio” ao não criticar de forma aberta os xingamentos de parte da torcida a Dilma na abertura da Copa do Mundo. E ainda no campo do futebol, brincou, lembrando a goleada da Holanda sobre a campeã do mundo, a Espanha. “É bom que os ‘grandes times’ coloquem as barbas de molho para não perder de goleada”.
VAZIO – A convenção do PV foi realizada na sede do partido, no Lago Sul, região nobre de Brasília. Participaram pouco mais de 100 pessoas, número menor do que no lançamento de Marina, em 2010, realizado em um centro de eventos da região central da cidade. O quórum só foi atingido mais de uma hora depois do horário marcado para o início da convenção.
Na solenidade, o sistema de som tocou o jingle da campanha, em ritmo de samba, que foca nas manifestações de rua de junho de 2013 e que faz um apelo para que as pessoas não votem em branco ou nulo. “O Povo está nas ruas/ pedindo para ser diferente/ salve, Jorge, esse é da gente/ Eduardo Jorge, presidente”.
Eduardo Jorge nasceu na Bahia e foi um dos fundadores do PT, tendo rompido com o partido em 2003. Além de mandatos como deputado estadual e federal, ele também foi secretário de Saúde e do Meio Ambiente em governos do PT, do PSDB e do DEM na cidade de São Paulo.
Sua vice na disputa será Célia Sacramento (PV), vice do DEM na Prefeitura de Salvador. Na última pesquisa do Datafolha, Jorge aparece com apenas 1% das intenções de voto.
Fonte :Folha de São Paulo