Nas eleições de 2018, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que concorria ao governo paulista, declarou voto em Bolsonaro, quando o hoje presidente era ainda o candidato que liderava com folga as pesquisas de intenção de voto.
No domingo, dia do protesto, a atividade marcada na Fiesp será um congresso de micro e pequenas indústrias. Haverá debates e palestras sobre inovação, marketing, indústria 4.0 e outros assuntos distantes da política.
As manifestações convocadas para o domingo (26) racharam os empresários da linha de frente do bolsonarismo. Uma parte diz que elas são loucura. Já Luciano Hang, do grupo Havan, está convocando as pessoas para os protestos.
“Empresários ficam em cima do muro, atrás do muro, atrás da moita. Eu não sou assim”, diz ele.
Hang, no entanto, afirma que só decidiu aderir às manifestações depois que elas começaram a ter “foco”: a reforma da Previdência.
“As manifestações não têm que ser ‘fora’ ninguém”, diz ele, referindo-se a grupos que pregam o impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e até o fechamento do Congresso.
“Não é a hora de brigarmos e sim de pedirmos, até implorarmos, pela aprovação da reforma”, afirma o empresário, que esteve recentemente com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O governo aguarda com ansiedade os protestos. A ala moderada acredita que uma multidão nas ruas pedindo o fechamento do Congresso, por exemplo, pode elevar a tensão política.
Mas o contrário seria até pior: um fracasso de público revelaria debilidade de Bolsonaro.
O general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, por exemplo, acredita que essa pode não ser a melhor hora para manifestações.
Ele conversou sobre o assunto na terça (21) com o deputado Marco Feliciano (Pode-SP).
“Eu disse que discordo. A base do Bolsonaro vai às ruas para mostrar a força dele”, diz Feliciano.
O parlamentar tinha feito críticas ácidas ao general há algumas semanas, quando Santos Cruz estava sob o bombardeio de Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro. Ontem, fumaram o cachimbo da paz e até oraram juntos.
Fonte: URBS