Queiroz não era visto em público desde janeiro. O Ministério Público do Rio diz que ele fez movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão.
Uma reportagem da revista “Veja” revelou que Fabrício Queiroz, ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro, do PSL, mora em São Paulo.
Durante três meses, a revista seguiu pistas de Queiroz, que não era visto em público desde janeiro. O Ministério Público do Rio diz que ele fez movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão.
Morumbi é um bairro da Zona Sul de São Paulo. A revista “Veja” diz que é ali onde Fabrício Queiroz, ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro, do PSL, passou a morar. Ele não era visto em público desde o começo de 2019.
Queiroz foi fotografado pela revista quando entrava no Hospital Albert Einstein, onde faz tratamento contra um câncer no intestino. No dia 1º de janeiro, ele passou por uma cirurgia no hospital, que fica no bairro do Morumbi.
Morar no bairro, segundo a “Veja”, facilitaria o deslocamento para as consultas. A revista diz que as fotos foram feitas na última segunda-feira (26).
Numa delas, Queiroz aparece sozinho, de boné preto e óculos, a caminho do centro de oncologia e hematologia do hospital. Em outra, ele está já dentro da recepção, sem o boné. Ainda segundo a reportagem, antes do compromisso agendado, foi até a lanchonete do Einstein e tomou café, sem ser abordado. Cerca de uma hora depois, deixou o local.
A reportagem diz que ele raramente sai de casa e que uma pessoa próxima a Queiroz informou que a cirurgia não resolveu o problema do tumor. Em janeiro, Queiroz postou um vídeo se recuperando da cirurgia.
No dia 24 de maio, o jornal “O Globo” publicou que Queiroz pagou praticamente toda a conta do hospital em dinheiro vivo.
Na época, o advogado de Queiroz disse que, para pagar as despesas Queiroz usou o dinheiro que estava guardado para quitar negócios imobiliários.
Fabrício Queiróz foi assessor de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, e se tornou conhecido no fim de 2018. O então Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, identificou nas contas de Queiroz a movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão, e considerou o valor incompatível com a renda do ex-assessor parlamentar.
O Ministério público suspeita que ele arrecadava parte dos salários de outros funcionários e devolvia ao gabinete de Flávio Bolsonaro, operação conhecida como Rachadinha.
Queiroz disse que o dinheiro era do lucro da venda de carros. Depois, afirmou que recolheu parte dos salários para poder contratar mais gente para a equipe. Só que a justificativa dada por Queiroz ao MP é prática proibida pela Assembleia Legislativa do Rio.
Na época, o Coaf também identificou a emissão de cheques de Queiroz, no valor de R$ 24 mil, para a conta da então futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. Jair Bolsonaro disse que o dinheiro era para quitar um empréstimo pessoal.
Em julho, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, suspendeu todas as investigações que usaram, sem autorização judicial, dados detalhados do Coaf, da Receita Federal e do Banco Central. A decisão atendeu a um pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro, do PSL, filho do presidente Jair Bolsonaro.
A revista explica que não há nenhuma ordem de prisão contra Fabrício Queiroz, nem mesmo uma determinação para que preste depoimento. E complementa: “Queiroz, sua mulher, suas filhas e Flávio Bolsonaro alegaram diferentes razões para não comparecer ao Ministério Público, mas nenhum deles foi denunciado à Justiça por isso”.
A defesa de Fabrício Queiroz afirmou que recebeu com tranquilidade as informações da revista “Veja” e que elas comprovam que o vem sendo dito é absolutamente verdadeiro. Sobre movimentação suspeita de R$ 1,2 milhões, a defesa afirma que esse valor representa a soma de depósitos e saques da conta e que a família dele ganha mais de R$ 500 mil por ano.
A assessoria do senador Flávio Bolsonaro disse que ele não vai se manifestar.