Emmerson Mnangagwa tomou posse na manhã desta sexta-feira (24) como presidente do Zimbábue em uma cerimônia em um estádio em Harare, capital do país, dando fim aos 37 anos da ditadura de Robert Mugabe.
As milhares de pessoas no local aplaudiram quando Mnangagwa, 75, fez seu juramento, no qual prometeu respeitar a Constituição e proteger os direitos de todos os cidadãos do país. Em seu discurso, o novo presidente prestou uma homenagem a Mugabe, a quem chamou de “pai da nação”, e prometeu combater a pobreza e a corrupção.
“Aceitamos e reconhecemos todos sua imensa contribuição para construção de nossa nação”, declarou Mnangagwa sobre o ex-ditador durante seu pronunciamento.
O novo presidente também prometeu indenizar os fazendeiros brancos que foram violentamente expulsos de suas propriedades por Robert Mugabe no início dos anos 2000.
“Meu governo está comprometido em compensar esses fazendeiros cujas propriedades foram confiscada”, declarou em sua primeiro fala como chefe de Estado.
Disse ainda que essas reformas são inevitáveis. “Vamos criar empregos para nossa juventude e reduzir a pobreza de nossa população”, disse ele, ao prometer que os atos de corrupção vão acabar em seu governo.
Conhecido como “Crocodilo”, o novo presidente foi chefe de segurança e vice de Mugabe, que renunciou na terça-feira (21) após grande pressão interna.
Mnangagwa foi afastado do cargo de vice pelo ditador no início de novembro, em uma sinalização de que Mugabe apontaria a primeira-dama Grace para sucedê-lo.
Com isso, os militares foram para as ruas e detiveram o ditador, pressionando por sua renúncia. O partido governista Zanu-PF afastou Mugabe e também exigiu que ele deixasse o cargo, o que ele fez na terça, após negociar um acordo de imunidade para ele e sua família.
Com isso, Mnangagwa, que tinha deixado o país após seu afastamento, retornou a Harare para assumir à Presidência e prometeu respeitar o Estado de Direito.
“O povo falou. A voz do povo é a voz de Deus” disse ele na quarta (22) na sede do Zanu-PF pouco depois de voltar ao país.
Parte dos analistas, porém, questionam o passado do novo presidente durante a ditadura Mugabe, em especial sua possível participação nos massacres de gukurahundis em 1983. Estimativas apontam que até 20 mil pessoas podem ter morrido em um ataque do Exército contra oposicionistas —Mnangagwa nega ligação com o episódio.
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Fonte: Folha de São Paulo