Universidade do Norte de Michigan criou a primeira carreira focada em cannabis
GABRIELA MARTÍNEZ
A legalização da maconha é realidade em cada vez mais países. Este psicotrópico gerou uma indústria que no ano passado gerou ganhos de 6,8 bilhões de dólares nos EUA e vários estudos pesquisam há muito tempo suas propriedades medicinais. Neste sentido, a Universidade do Norte de Michigan (NMU, em sua sigla em inglês) criou uma carreira de quatro anos focada no estudo da cannabis, seus usos e seus efeitos.
“Química de plantas medicinais” é o nome oficial da graduação que começou em agosto passado. Embora outras universidades como Harvard, a Universidade de Denver, a de Vanderbilt e a de Ohio ofereçam cursos em política e direito sobre a maconha, o programa oferecido pela universidade pública NMU é o primeiro a se concentrar em todos os aspectos desta planta. O currículo inclui disciplinas das áreas de química, biologia, botânica, horticultura, marketing e finanças.
“Sabemos que nos EUA e em muitos países os remédios tradicionais à base de plantas são muito utilizados, como os suplementos de ervas e os extratos”, diz Marc Paulsen, diretor do Departamento de Química. Os alunos irão estudar não só os benefícios da cannabis, também aprenderão a usar uma grande variedade de plantas medicinais.
“Ouvi pela primeira vez sobre este novo programa no semestre passado e imediatamente me uni ao projeto”, diz Benjamin Ritter, estudante de 19 anos. O jovem estudante espera se tornar produtor dessa planta para produzir remédio de alta qualidade e ajudar os pacientes que precisam, como sua mãe, que sofre de esclerose múltipla. O canabidiol presente na maconha poderia ajudar a controlar a espasticidade e dores musculares.
Os dois princípios ativos da cannabis com fins terapêuticos são o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). No caso do câncer, a planta ajuda a controlar as náuseas causadas pela quimioterapia e também tem sido usada para aumentar o apetite em doentes terminais de câncer ou de AIDS.
A indústria da cannabis promete. Os lucros gerados em Michigan estão estimados em mais de 700 milhões de dólares. Enquanto que em 2016 a venda legal gerou 6,8 bilhões de dólares, para 2021 deverá crescer para 21,6 bilhões, de acordo com a empresa ArcView Market Research, que investiga a indústria da maconha.
A ideia desta licenciatura surgiu no ano passado, quando o professor associado de química Brandon Canfield participou de uma reunião anual da Sociedade Americana de Química, na qual ouviu falar da necessidade de especialistas para esta indústria.
Alex Roth é outro dos 12 alunos que cursam essa graduação inovadora. O sonho deste jovem de 19 anos é trabalhar em uma das empresas mais prestigiadas da cannabis e depois iniciar seu próprio laboratório.
No entanto, neste centro de estudos não será plantada maconha. Embora em alguns Estados norte-americanos, como a Califórnia, seja legal cultivá-la, no Estado de Michigan está proibido. A erva é totalmente legal, tanto para uso medicinal como recreativo, em oito dos 50 estados dos EUA e no Distrito de Columbia. Em outros 29 Estados dos EUA é permitido o uso medicinal.
Além das oportunidades de negócios, a normalização do estudo da maconha poderia erradicar os preconceitos que existem em relação à planta. “Gostaria de liderar o movimento para normalizar a maconha e ajudar as pessoas que a consomem como alternativa à medicina tradicional”, diz Roth.
Fonte: El País