O deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP) acredita que a delação feita pelos donos da JBS foi mais que premiada e que é preciso rediscutir o estatuto que permite este mecanismo. “Estes empresários enriqueceram à sombra do poder, ficaram bilionários com dinheiro público, devem uma fortuna para os cofres da Previdência Social, corromperam políticos, gestores públicos, promotores e juízes, desempregaram nossa gente, fizeram uma delação premiadíssima e saíram do país numa boa, com o aval da própria Justiça?”, indaga.
O parlamentar lembra que hoje os sócios da JBS estão em Nova Iorque, “curtindo a vida e rindo dos brasileiros após incendiarem a República”. Segundo ele, isto leva a crer que é preciso rediscutir o estatuto da delação premiada, pois esta da JBS tem mais prêmio que delação.
Lucena diz que é impossível não pensar que esta história toda tem por trás uma relação nojenta com o poder público, de favorecimentos políticos e de empréstimos subsidiados com o BNDES. As gravações feitas pelos próprios dirigentes da empresa indicam esta direção.
“Aliás, o BNDES foi mais longe, tornando-se sócio do grupo empresarial a ponto de deter praticamente um quarto do controle acionário, colocando nos cofres da empresa cerca de nove bilhões de reais para que ela comprasse empresas nos Estados Unidos e Austrália. Ou seja, usaram dinheiro público, do contribuinte brasileiro, para criar empregos fora do nosso País”, ressalta, apontando ainda que a empresa é considerada a segunda maior devedora da Previdência Social, com uma dívida apurada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), em mais de 2 bilhões de reais.
O deputado paulista destaca que a multa que a Justiça impôs a JBS, no valor de 225 milhões de reais, que será paga em suaves prestações e que os livra de qualquer condenação penal, não chega a 10% de seu patrimônio pessoal. “Só os lucros que eles tiveram com swaps cambiais nos últimos dias (cerca de R$ 700 milhões), durante a turbulência na Bolsa de Valores que se seguiu à denúncia das gravações de Joesley Batista, paga esta multa e ainda sobra muito troco”, ressalta.
“Esta é mais uma operação que precisa ser muito bem investigada e, se for o caso, esta delação pode até ser anulada pois, do contrário, os donos da JBS ficarão impunes lá nos Estados Unidos da América, ou na Holanda, para onde estão transferindo a sede dos negócios do grupo empresarial, onde poderão usufruir de sua riqueza e acumular mais fortuna”, defende Roberto de Lucena.
Assessoria parlamentar