Mais de 500 jovens do mundo inteiro se reúnem nesta quinta-feira no maior laboratório de ciências da Terra em Tucson, no Arizona, nos Estados Unidos, para discutir os desafios ambientais urgentes do planeta. O evento acontece seis meses depois da 21ª Conferência das Partes (COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Paris, em dezembro. Na ocasião, 171 líderes mundiais assinaram um acordo se comprometendo a reduzir o aquecimento global e ajudar as nações menos desenvolvidas nesta tarefa.
O One Young World Environment Summit vai até sábado, no local conhecido como Biosfera 2, com várias mesas redondas e workshops. É um desdobramento da campanha internacional da ONG One Young World, baseada em Londres, que reuniu em dezembro, em Bangcoc, na Tailândia, jovens líderes de 196 países em busca de soluções ambientais em suas atividades e nas do país.
A jornalista Michele Cardoso Pereira Schifino, que trabalha na APM Terminals, participou do início da campanha, em novembro, como representante do Brasil. Ela espera que iniciativas como esta conscientizem as autoridades:
– Eu gostaria de ver o Brasil assumindo a liderança na agenda global de mudanças climáticas. Temos alto potencial para isso. Dos 400 bilhões de dólares em investimentos em energia nos próximos 8 anos, 70% foram colocados em iniciativas de combustíveis fósseis, ao passo que apenas 22% foram alocados em fontes renováveis. E se mudarmos isso? O índice de radiação solar do Brasil é um dos mais altos do mundo – critica Michele: – Além disso, considerando o potencial de fontes eólicas do nosso país, poderíamos gerar 50% mais energia do que é consumido hoje. Se falarmos em matriz de transporte, poderíamos reduzir pela metade as emissões de carbono a partir do incentivo à cabotagem. Há ainda a meta de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Por que não 2020? Será que ainda precisamos de mais 15 anos de degradação, mesmo com expressivos resultados de redução de 82% na taxa de desmatamento nos últimos anos?
Segundo Michele, é hora de os brasileiros pararem de agir como cidadãos de um país para atuar como cidadãos do mundo.
– Era isso o que eu gostaria de ver: definições que ultrapassem fronteiras, pois os fenômenos naturais e a resposta do planeta às intervenções humanas não reconhecem limites geopolíticos. Todos os países serão afetados. Alguns, porém, têm condições de entregar metas mais audaciosas no combate às mudanças climáticas, compensando a limitação dos outros. É o princípio da colaboração. Nós iremos prosperar ou fracassar juntos. Oportunismo e competição não nos levarão a lugar algum, exceto à aceleração deste fenômeno que já começou e já vem deixando rastros de prejuízos, miséria, fome e escassez de recursos em diversos países.
O encontro ambiental coincide com o 25º aniversário da Biosfera, que abriga biomas como os de florestas tropicais, manguezais e um recife de coral gigante no Deserto de Sonora. Também estão presentes especialistas em ciências, política, arte e negócios. Entre eles estão a ex-senadora australiana Christine Milne, o ator Adrian Grenier, o ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, o antigo astronauta da Nasa Ron Garan, o presidente do Protocolo de Kyoto Jan Pronk, o explorador polar Robert Swan e o diretor da Biosfera 2, Joaquin Ruiz. Os assuntos discutidos incluem inovação em energia renovável, a proteção do Ártico e da Antártica, as comunidades indígenas, desenvolvimento sustentável, segurança alimentar etc. Para mais informações,basta acessar http://www.oneyoungworld.com/
Fonte: O Globo Online