Durante todo o sábado, dia 17 de março, lideranças do Partido Verde Espírito Santo, da Executiva Nacional, da Fundação Verde Herbert Daniel e representantes do Instituto Brasileiro de Cidades Inteligentes e Humanas, reuniram-se em Cariacica, na grande Vitória (ES), para discutir os caminhos para uma gestão verde e ética antes, durante e após as eleições deste ano.
O objetivo do PV e da Fundação Verde tem sido promover encontros pelo país para agregar e sensibilizar pessoas comprometidas com os eixos do desenvolvimento sustentável, da gestão de resíduos sólidos, educação, saúde, saneamento básico, segurança pública, proteção dos recursos hídricos e florestais, clima, mobilidade, geração de emprego e renda, igualdade de gênero e garantia dos direitos humanos.
Para o presidente nacional do Partido Verde, José Luiz Penna, “vivemos um momento dramático que pode ser visto como a virada de jogo que demonstra a morte da velha política”. Penna ressaltou que o momento ruim não é só do Rio de Janeiro, mas sim do país inteiro. Deixou no ar a provocação para os presentes, “como recuperar o país para as pessoas de bem e para os jovens?”
Para Penna, o PV precisa trabalhar uma ideia de desenvolvimento para o Brasil. Ao falar de Mariele, vereadora carioca executada semana passada no Rio de Janeiro, Penna foi categórico: “é hora de pensar que o caminho da loucura não dá. A luta pela PAZ tem que estar profundamente no cotidiano das pessoas. O PV não vai deixar de lado o debate profundo guiado pelo pragmatismo eleitoral”.
“O horizonte e nossa experiência nos aponta que precisamos acolher as divergências de pequenos grupos, mas não podemos acolher intolerância. A intolerância é sangrenta.”, disse.
André Gomyde, presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas, também preocupado com os crescentes discursos de ódio e intolerância, afirmou que não há convergência porque não há um projeto claro de governança. “Futuros gestores verdes podem ser protagonistas na condução do país em um efetivo projeto de governo”.
Fundador do Partido Verde no Espírito Santo, Almir Bressan destacou o desafio de manter a coerência entre o atual momento político do país com movimento ambiental. Ele relembrou os eventos que marcaram a história do Partido no estado, como o impedimento, na década de 80, da abertura de uma usina de processamento de lixo nuclear. Segundo Bressan, “neste importante momento nacional é importante traçar uma diretriz de atuação no que diz respeito ao gerenciamento dos recursos hídricos e da tecnologia”.
O atual prefeito de Cariacica (ES), Geraldo Luzia de Oliveira Junior, o Juninho, reforçou a importância de formação de lideranças e o levantamento de metas para melhoria da gestão pública. De acordo com ele, as questões relevantes de Cariacica são as mesmas de todas as cidades, agravadas pelo momento em que a classe política está tão desacreditada. Juninho reforçou a necessidade de uma discussão que englobe as questões culturais que têm impedido o país de avançar.
Neste sentido, Penna ressaltou e confirmou que as diferenças devem ser riquezas e nunca dificuldades. “Precisamos ir contra a onda de burrice que está assolando nosso país. Vamos fazer a contra-onda do Bem, da Cultura, da Inteligência e da Paz. É para isso que o Partido Verde existe”, finalizou.
Cidades Inteligentes e Humanas
Na segunda parte do evento, duas palestras foram proferidas. O primeiro momento, guiado por André Gomyde, trouxe para a reflexão dos presentes o novo paradigma da sociedade que está caminhando para a verdadeira era da globalização, em que a robótica, a nano e biotecnologia, inteligência artificial e novas tecnologias já movimentam mais de um trilhão de dólares por ano e seguem em um crescimento constante e rápido. Ele abordou a mudança nas relações de trabalho, o fim de postos de trabalho e o caminho sem volta rumo ao melhor uso e compartilhamento do oceano de informações em que vivemos.
Para André Gomyde, as Cidades Inteligentes e Humanas são aquelas que se dotam de uma infraestrutura tecnológica e permitem à cidade que integre todos os dados e informações gerados, para ter um sistema de informações gerenciais aberto e transparente, de uma maneira que a tecnologia sirva de apoio à melhora da qualidade de vida das pessoas. Para isso, ele defende que as cidades digitais devem migrar para cidade inteligentes e os dados serem compartilhados com os cidadãos e não ficarem somente com as grandes empresas. “É uma discussão que precisa ser feita, que engloba planejamento a longo prazo e que trará benefícios inestimáveis para a qualidade de vida nas cidades”, finalizou. Para conhecer mais do desenho urbanístico que contempla subsolo, solo, infraestrutura e plataforma de dados, acesse redebrasileira.org.br
Participação efetiva das mulheres na políticas
“Somos todos machistas em desconstrução”. Foi com esta frase que Mariana Perin, Secretária Nacional de Juventude do PV, iniciou sua palestra, que fechou o dia de discussões em Cariacica. De forma bem didática, ela trouxe dados que comprovam a dificuldade das mulheres ingressarem e atuarem na política: o machismo.
Mariana apresentou dados alarmantes da baixa representação feminina. No mercado de trabalho, por exemplo, as mulheres recebem, em média, salários 30% menores que os homens quando ocupam os mesmos cargos e com a mesma formação. Para as mulheres negras o cenário é ainda pior: recebem menos de 60% dos salários dos homens brancos e possuem renda média mensal 40% menor que a renda média das mulheres brancas. Apesar de serem metade da população do país e do mundo, as mulheres ainda são minoria em vários critérios de representação política. O Brasil ocupa a 155ª posição entre 189 países estudados pelo ranking da presença de mulheres em cargos eleitorais.
Apesar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgar em 2017 que 52% dos eleitores são do sexo feminino, as mesmas só representam 9% dos cargos na Câmara de Deputados, são apenas 45 deputadas num total de 512 representantes. A Lei nº 12.034/09 impõem aos partidos e coligações que o preenchimento do número de vagas seja de no mínimo 30% e no máximo 70% para candidatos de diferentes sexos.
“Para sustentar política, é necessário renovar e dividir, de igual para igual, o espaço entre homens e mulheres. Ter compromisso com a igualdade gênero é o primeiro passo para construirmos uma sociedade igualitária, moderna e desenvolvida”, finalizou Mariana.